O presidente russo, Vladimir Putin, não comparecerá à cúpula dos países dos Brics na África do Sul em agosto, informou nesta quarta-feira (19) a presidência da nação africana, encerrando meses de especulações.
A eventual visita de Putin tornou-se um tema controverso para a África do Sul, uma vez que o presidente russo é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) que o país africano deveria cumprir, se necessário, por reconhecer esse tribunal. Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, França, Itália, México, Holanda, entre outros países também integram o TPI.
— Por acordo mútuo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará da reunião de cúpula, mas a Federação Russa será representada pelo ministro das Relações Exteriores, o senhor (Sergei) Lavrov — disse Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, em um comunicado.
A decisão foi tomada após inúmeras "consultas" realizadas por Ramaphosa nos últimos meses, a última delas terça-feira (18) à noite, disse Magwenya, confirmando que os líderes dos demais países do grupo estarão presentes no encontro.
A África do Sul exerce atualmente a presidência dos Brics, o grupo das cinco grandes potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Putin foi oficialmente convidado para a cúpula de chefes de Estado do grupo, marcada para 22 e 24 de agosto, em Johannesburgo, mas o governo sul-africano sofreu fortes pressões internas e externas para não receber o presidente russo, que é procurado pelo TPI por suas acusações de deportar ilegalmente crianças ucranianas.
Em um comunicado divulgado na terça-feira, Ramaphosa escreveu que prendê-lo seria uma declaração de guerra à Rússia.
Os documentos respondem a um pedido do principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), que queria pressionar o governo e garantir que Putin fosse entregue ao TPI caso visitasse a África do Sul.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov disse que "está absolutamente claro para todos" quais são as consequências de uma possível prisão do presidente russo.
A África do Sul insiste em sua posição de neutralidade sobre a guerra na Ucrânia, mas é acusada de ter uma simpatia maior por Moscou.