O advogado do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, afirmou que o cliente não vai "dedurar" o ex-presidente da República. Cezar Bittencourt falou em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, nesta sexta-feira (18).
— Tem muitas coisas que não têm nada a ver. Na realidade houve um equívoco, houve má-fe. Em primeiro lugar (é um equívoco) que o Cid vai dedurar o Bolsonaro — disse o defensor.
A declaração foi dada por Bittencourt ao comentar reportagem da revista Veja desta semana. A publicação afirma que ele havia informado que Cid iria confessar que vendeu joias recebidas em viagem oficial a pedido de Bolsonaro e entregue o dinheiro ao ex-presidente.
Bittencourt declarou, contudo, que o cliente vendeu o Rolex recebido pelo ex-chefe e entregou o valor da venda, em dinheiro vivo, para Bolsonaro ou para ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
— Pelo que eu sei, (o dono do relógio) era o presidente. Isso não quer dizer que (Cid) tenha entregue (o dinheiro da venda) direto para o presidente, pode ter sido para a primeira-dama — disse.
O advogado afirmou ainda que o ex-presidente teria pedido ao ajudante de ordens para que resolvesse "esse problema do relógio". Diante desta ordem, Mauro Cid teria, por conta própria, vendido o Rolex nos Estados Unidos.
— Ele não podia vir com o dinheiro no bolso, todo. Pegou e fez um depósito na conta do pai. Pediu, o pai disse: "Não posso autorizar". Ele disse "Pai, mas não posso levar esse dinheiro todo". Então ele depositou uma parte lá e trouxe a outra — relatou Bitencourt.
E seguiu:
— O pai, (general da reserva Mauro Cesar Lourena) Cid, não tem absolutamente nada a ver. Houve, digamos, uma invasão da sua conta. Essa responsabilidade não transfere para o pai, é responsabilidade do Cid (, ele assume. Mas evidentemente que o Cid não ia, por si mesmo, comprar Rolex, vender Rolex, ele não tem interesse nisso.
Bitencourt assumiu a defesa de Cid na última terça (15). Um dia depois, deu indícios de que a linha de defesa seria mostrar que o tenente-coronel apenas cumpria ordens, mesmo que "ilegais e injustas".
— Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa — disse o advogado, em outra entrevista concedida à GloboNews.
A Polícia Federal (PF) cumpriu na sexta-feira da semana passada mandados de busca e apreensão no caso das joias. Entre os alvos da operação estava Mauro Cid, hoje preso por um suposto esquema ilegal de falsificação de cartões de vacina.
Também estariam envolvidos no desvio das joias o pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro César Lourena Cid, o segundo tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. A corporação estima que o esquema tenha rendido R$ 1 milhão.