A decisão do governo do Estado de manter de portas abertas parte das escolas-cívico militares em funcionamento no RS gerou polêmica nas redes sociais. Uma das críticas, feita pelo jornalista e ex-deputado pelo PSOL, Jean Wyllys, foi direcionada ao governador Eduardo Leite.
"Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…?", questionou Wyllys em sua conta no Twitter, no fim da tarde desta sexta-feira (14). O jornalista acrescentou ainda que "gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então…".
Leite respondeu à postagem, em seu perfil na mesma rede, durante a noite.
"Manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções… e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. @jeanwyllys_real, eu lamento a sua ignorância", escreveu o tucano.
Em resposta às publicações, as opiniões de apoiadores e críticos de ambos se dividiram. O deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL), filho do deputado federal e ex-ministro do Trabalho e Previdência do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que perdeu as eleições para Leite no pleito de 2023, manifestou solidariedade ao governador.
"Estamos em campos opostos no cenário político. Tenho exercido meu papel de oposição com firmeza, mas as relações humanas e o respeito pessoal precisam ser preservador em um ambiente democrático. Lamentável esse ataque da extrema esquerda", escreveu Lorenzoni.
"O que não elimina seu equívoco em manter tal programa, inconstitucional e ilegal. Espero que logo isso seja evidenciado pelo Ministério Público e que você e os demais governadores devolvam para os cofres públicos o dinheiro desperdiçado nisso, retornando o recurso para a educação pública que é e deve ser CIVIL", escreveu um seguidor de Leite.
Extinção das escolas cívico-militares
Na quarta-feira (12), o Ministério da Educação (MEC) lançou um oficio que trata do encerramento progressivo do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim). A implementação das instituições iniciou em 2019, como uma das principais propostas para a Educação durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) afirmou que encaminhará a comunicação aos municípios gaúchos – que contam com instituições de ensino com essa metodologia – e “seguirá o cronograma que for repassado por Brasília, por se tratar de iniciativa do governo federal”.
No entanto, das 43 escolas cívico-militares existentes no RS, 18 fazem parte de um programa estadual, que deve ser mantido. O documento enviado pelo governo federal diz respeito às escolas que aderiram ao programa nacional, que, entre as gaúchas, são 25. Diferente das federais, que empregam reservistas das Forças Armadas como monitores, as instituições estaduais contratam brigadianos aposentados. Conforme a Seduc, esse programa será mantido.
Além do RS, outros Estados também informaram que pretendem manter ou reformular o programa como Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Amapá, Tocantins, Acre, Paraná e Minas Gerais.