Políticos de esquerda reagiram nas redes sociais à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos nesta sexta-feira (30). Nas postagens, os representantes da antiga oposição ao ex-presidente destacaram que o parecer do TSE significou a "defesa da democracia" e provocaram apoiadores com frases de efeito utilizados por Bolsonaro na internet.
O julgamento, iniciado no último dia 22 de junho, foi encerrado no início da tarde desta sexta, com o placar de cinco votos favoráveis a inelegibilidade e dois contrários. O voto decisivo foi proferido no início da tarde pela vice-presidente do TSE, Carmen Lúcia, que disse que o ex-presidente teve "consciência de perverter" o sistema eleitoral. Agora, Bolsonaro está impedido de se candidatar até 2030.
A acusação que determinou a inelegibilidade de Bolsonaro é de autoria do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que alegou que o ex-presidente cometeu abuso de poder em uma reunião com embaixadores estrangeiros, onde apresentou questionamentos sobre a integridade do sistema eleitoral brasileiro. O presidente do partido à época das eleições, Carlos Lupi, e o candidato da sigla à Presidência em 2022, Ciro Gomes, observaram que a justiça foi feita pelo tribunal nesta sexta.
"A justiça foi feita! O 'belzebu' desrespeitou e atentou contra a democracia e a vida dos brasileiros, e está enfrentando as consequências. O PDT trabalhou arduamente com a justiça brasileira para cumprir nossa responsabilidade histórica contra os antidemocráticos. Vencemos!", escreveu Lupi, que é o atual ministro da Previdência Social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Já Ciro Gomes, que ficou em quarto lugar nas eleições presidenciais com 3,04% dos votos, ressaltou que a intenção do PDT foi a de "defender a democracia" e de punir o "abuso de poder político" praticado pelo ex-presidente. Ciro, que tem se mostrado como uma voz opositora ao governo de Lula, citou que os brasileiros agora podem cobrar mudanças do governo sem um sentimento de "por que senão, o Bolsonaro voltaria".
"O que espero é que, de hoje em diante, tenhamos os brasileiros direito de cobrar de nosso governo mudanças profundas na vida política e econômica do Brasil, sem o oportunismo de a tudo termos que engolir porque senão 'Bolsonaro voltaria'", afirmou.
PT provoca com frases da direita
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que a condenação de Bolsonaro teria tido uma "enorme força didática" para punir atos praticados pela extrema-direita. Hoffmann também ironizou o jargão "Grande dia!", frequentemente utilizado por Bolsonaro com seus apoiadores nas redes sociais.
Além do "Grande dia!", o deputado Rui Falcão (PT-SP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, também ironizou com a frase "tchau, querido!", cuja versão feminina foi usada pela direita brasileira durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
A conta oficial do PT no Twitter publicou um desenho do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que deu um dos cinco votos que tornou Bolsonaro inelegível. Junto com a foto de Moraes, a sigla celebrou a decisão do tribunal com a frase "prepare-se para sextar".
O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), postou uma charge onde apresentava o relator do julgamento de Bolsonaro no TSE, o ministro Benedito Gonçalves, apresentando o seu "voto impresso" pela inelegibilidade do ex-presidente. Assim como Gleisi, o deputado sugeriu que a decisão do tribunal serviria como um aprendizado para o futuro político do Brasil.
Integrantes do governo se posicionam nas redes
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, destacou que a decisão do TSE trouxe duas mensagens para os brasileiros. Segundo Dino, a política não permite a mentira como ferramenta de poder e uma "lei da selva" onde o "mais forte tudo pode".
Em outra postagem, o ministro informou que irá enviar um requerimento para a Advocacia Geral da União (AGU) para analisar uma possível indenização de Bolsonaro ao Poder Judiciário.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias, observou que a inelegibilidade de Bolsonaro significa o fim do espaço para "discursos de ódio, preconceito e desrespeito" e a punição de "quem quer que seja".