O ministro da Justiça, Flávio Dino, interrompeu seu depoimento na Comissão de Segurança Pública, nesta terça-feira (11), após a sessão virar palco de confronto entre deputados da oposição e do governo. Os parlamentares trocaram insultos e até palavrões.
Ao deixar a sessão, oposicionistas chamaram Dino de "fujão". No começo da audiência, o ministro da Justiça foi cobrado pela proibição do registro para novos colecionadores, caçadores e atiradores profissionais, os CACs.
O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) chegou a comparar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Hitler, Mao Tsé-Tung, Stalin e Fidel Castro. O parlamentar alegou que o presidente brasileiro, como os demais, quer desarmar a população. Dino protestou ao que chamou de comparação indevida e ameaçou deixar a sessão se o clima fosse de insultos.
O ministro afirmou que não existe liberdade total no Brasil para porte de arma. Do mesmo jeito que o Estado concede o direito, ele pode tirar.
Durante a sessão, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) xingou o deputado Duarte Junior (PSB-MA) mandando-o "tomar no c*.". O parlamentar prometeu representar contra a colega no Conselho de Ética da Câmara.
Duas diferentes pessoas acusaram o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) de fazer ameaças durante a audiência. A reportagem o flagrou falando para a deputada constituinte Raquel Cândido:
— A senhora veio para bagunçar de novo, a senhora gosta de uma bagunça. Você gosta de defender bandido. Aqui vai ter medo, aqui tem polícia.
A fala prontificou Raquel a perguntar se aquilo era uma ameaça.
— É para ter medo mesmo. Você defende bandido — treplicou Gilvan.
Em seguida, o deputado Márcio Jerry disse que Gilvan o teria ameaçado a resolverem as divergências fora da Câmara. O episódio gerou uma briga.
Flávio Dino se manifestou nas redes sociais sobre o caso, adjetivando a confusão na Câmara como um "perigo para a sociedade".
"Troco"
A oposição prometia "dar o troco" na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. No primeiro encontro, na Comissão de Constituição e Justiça, Dino e deputados da base governista debocharam dos principais nomes do bolsonarismo que marcaram presença no colegiado presidido por Rui Falcão (PT-SP). Desta vez, Sanderson (PL-RS), membro da bancada da bala, está no comando.
O líder da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ), afirmou que combinou uma estratégia com parlamentares para coibir o ministro a responder com piadas, como foi há três semanas. Dino é o principal alvo de bolsonaristas por ser a figura que coordena o plano antiarmas do presidente Lula e também por ter ajudado a operação do governo para deter manifestantes vândalos que participaram dos atos golpistas do 8 de janeiro.
Na quarta-feira (12), a comissão se reúne para ouvir o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, no que também promete ser uma sessão com provocações e ataques. Apenas nesta semana, outros cinco ministros devem comparecer à Câmara para prestar esclarecimentos aos deputados, indicando a desarticulação política do Palácio do Planalto no momento em que o Congresso tenta montar comissões mistas para a votação de medidas provisórias.