A Polícia Civil vai investigar uma suposta ameaça proferida pelo prefeito Diego Picucha (PDT), de Parobé, no Vale do Paranhana, contra o vereador Maicon Bora (PL). O caso foi registrado na noite desta terça-feira (21), após a sessão ordinária na Câmara Municipal. A denúncia foi recebida pelo delegado Ivanir Caliari, da Delegacia de Polícia de Parobé, responsável pela investigação.
Segundo o boletim de ocorrência registrado pelo vereador do PL, que é irmão do vice-prefeito Alex Bora (Avante), insatisfeito com críticas à administração municipal feitas pelo parlamentar na tribuna, o prefeito o esperou na saída da sessão para ameaçá-lo e fez um gesto como se estivesse armado.
— Ontem, eu estava descendo as escadas e o prefeito estava me esperando. Ele gritou: “É assim que tu quer a partir de hoje, vereador Maicon? Tu quer mais uma?”. Quando a gente foi entrar no carro do meu assessor, ele fechou a frente com o carro dele. Eu não vi arma, mas ele fez um gesto como se fosse sacar uma arma. Colocou a mão na cintura — conta o vereador Maicon Bora.
O suposto ataque teria sido motivado pelas denúncias feitas pelo vereador na sessão da Câmara. Segundo Bora, o prefeito, que concorreu à presidência da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), estaria usando o carro do Executivo, um Volkswagen Virtus, para fazer campanha. Conforme ele, o veículo recebeu mais de dez multas neste período.
— Ele não está gostando da minha posição como vereador, mas eu quero subir na tribuna sem ser coagido. É um crime muito grave que o prefeito cometeu. Ele é o chefe do Executivo e eu sou o fiscal. Ele tem que ter sabedoria de absorver as críticas — diz o vereador.
Impedido de entrar na prefeitura
O vice-prefeito Alex Bora também critica o comportamento de Picucha. Ele conta que, apesar se manter no cargo, está impedido de acessar a sede do Executivo municipal desde 23 de setembro do ano passado, quando foi expulso a pedido do prefeito. Na ocasião, ele também registrou um boletim de ocorrência e afirma que já fez tentativas judiciais para retomar o seu posto.
Os embates no alto escalão do Executivo tiveram início quando, segundo o Bora, o prefeito teria colocado em prática um projeto de sua autoria sem prestar os devidos créditos. Após isso, a relação entre os dois estremeceu durante as eleições do ano passado, quando o vice concorreu a deputado estadual. Desde esta época, ele está proibido de entrar na prefeitura.
— Desde o período eleitoral, no mês de maio (de 2022), quando me afastei, não nos entendemos mais. Ele me expulsou da prefeitura em setembro me agredindo com palavras. Fizemos o registro da ocorrência na época. Não podemos deixar que problemas pessoais interfiram em questões do município — diz o vice-prefeito Alex Bora.
Prefeitura emite nota
O prefeito se manifestou por meio de nota emitida pela assessoria de imprensa do município. No texto, Diego Picucha afirmou que estava "focado na eleição da Famurs" e que não "cederá a qualquer manobra que seja promovida na tentativa de desestabilizar ele ou sua equipe de trabalho."
A nota diz ainda que "o prefeito Picucha não teve acesso a nenhuma imagem e não vê problema algum em se posicionar sobre qualquer fato ocorrido na Prefeitura, desde que os questionamentos sejam feitos de forma clara, direta e sempre à luz da verdade."