O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a Casa Civil, pasta diretamente ligada à Presidência da República e comandada por um dos ministros mais próximos ao chefe do Executivo, Rui Costa. O órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência estava anteriormente sob comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), única pasta comandada por um militar na Esplanada, o general Gonçalves Dias.
A mudança era esperada. A estratégia do governo é desmilitarizar a Abin após o fracasso na antecipação e no monitoramento das invasões do dia 8 de janeiro, além de reformular o órgão em uma tentativa de "limpar" os serviços de inteligência e segurança institucional de militares ainda fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Titular do GSI na gestão passada, o general Augusto Heleno era um dos ministros mais próximos do ex-presidente.
A transferência foi oficializada nesta quinta-feira (2) no Diário Oficial da União. O texto foi assinado por Lula e pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão e da Inovação). A Abin estava vinculada à estrutura do GSI desde o governo Michel Temer (MDB).
Delegado federal gaúcho deve assumir a Abin no governo Lula
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Lula pediu uma reformulação profunda no modelo de funcionamento do GSI, órgão responsável por fazer a segurança do presidente. A instituição passou a ser o departamento mais questionado no primeiro escalão do governo, após o fracasso na proteção da Presidência durante os atos de 8 de janeiro — à época, Lula também declarou ter perdido a confiança nos militares.
O presidente estava convencido de que uma ala da Abin trabalhava para "proteger" o ex-presidente Bolsonaro e conspirar contra ele. Nesse sentido, iniciou-se no governo o processo de desmilitarização.
A primeira etapa foi retirar dos postos militares da cadeia superior e os oficiais de inteligência. Em uma mesma semana, mais de 155 militares foram exonerados, sendo membros tanto do GSI quanto da Secretaria Geral da Presidência.