O mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira, 30 anos, flagrado por câmeras de segurança jogando no chão o relógio de Dom João VI durante a invasão golpista do dia 8 de janeiro, foi preso nesta segunda-feira (23). A prisão foi feita por uma equipe da Polícia Federal (PF) em Uberlândia, no triângulo mineiro. As informações são do jornal O Globo.
Após os atos, o mecânico abandonou sua casa, em Catalão, no interior de Goiás, mas quatro testemunhas — incluindo um vizinho e a própria irmã — confirmaram se tratar da mesma pessoa que aparecia nas cenas de destruição. A PF o considerava como foragido.
Após a prisão, Ferreira foi levado para a delegacia da PF de Uberlândia e, após passar por uma audiência de custódia, será encaminhado a um presídio da mesma cidade.
Ao deixar às pressas a casa que alugava em Catalão, Ferreira deixou para trás uma série de elementos que ajudam a traçar seu perfil. No interior da residência foram encontrados uma Bíblia, um boné com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma faca do tipo tático militar.
Na manhã de segunda-feira (9), dia seguinte à invasão, Ferreira foi visto por um vizinho chegando em sua casa e, em poucos minutos, "saindo às pressas levando o que podia".
O pintor Valderlei Gonçalves, que mora em um imóvel construído nos fundos do mesmo terreno e teve acesso ao interior da residência, disse que na casa havia restos de comida e roupas espalhadas pelo chão.
— Na segunda de manhã, ele colocou o que podia dentro do carro e desapareceu — disse Gonçalves.
Sobre o fogão, havia uma panela de arroz já pronto. Na quinta-feira (19), quatro dias após Ferreira ser visto pela última vez no imóvel, a comida já estava mofada e exalando mau cheiro. Também foi deixado para trás um aparelho de DVD, acessórios de computador e controles de videogame.
Na residência de Ferreira, a fachada da casa abandonada exibe uma bandeira do Brasil e um adesivo com a foto, nome e o número de campanha de Bolsonaro colado na parte superior da portão de entrada de veículo.
Tanto vizinhos como pessoas que tiveram contato próximo a Ferreira relatam que ele era um bolsonarista ferrenho, que chegava a "brigar por causa do então presidente".
— Eu vi na televisão. Era ele mesmo. Eu tenho 100% de certeza que é ele. Fiquei assustado: "Como assim, o Claudinho?". Pode ter passado na cabeça que aquilo (o relógio) era um vaso de planta ou alguma coisa qualquer, sem ter noção que era um patrimônio histórico ou relíquia — afirmou um vizinho.
Informações levantadas por investigadores apontam que o automóvel de Ferreira foi flagrado na madrugada do dia 9 de janeiro por câmeras de uma rodovia dirigindo de Brasília para Catalão, a 314 quilômetros da capital federal.
Em nota, a Polícia Civil de Goiás confirma que "tem contribuído com a Polícia Federal com informações sobre um suspeito de atos de vandalismo no Palácio do Planalto que teria moradia em Goiás".