O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quinta-feira (19) que a aprovação da reforma tributária é prioridade do governo federal para 2023. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o ministro disse acreditar que há ambiente para aprovar as mudanças.
Padilha destacou que as tratativas envolvendo a reforma já estão sendo feitas no Congresso, já que existem projetos sobre o tema tramitando no Senado e na Câmara dos Deputados. Segundo ele, a perspectiva é de que os impostos sejam simplificados e que haja atualização da tabela do Imposto de Renda — promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— A ideia aqui não é reinventar a roda, mas sim pegar essas propostas, construir um diálogo com a sociedade e com o próprio Congresso. É prioridade absoluta construir um ambiente para aprovar uma proposta de reforma tributária neste ano no Congresso — disse.
— Acredito que temos tudo para aprovar uma reforma que simplifique os impostos no país e reduza custos de quem quer investir e gerar empregos no Brasil, e também possa transformar o regime tributário (em algo) mais justo, pois hoje quem mais paga impostos é a classe média e os mais pobres. Enquanto isso, quem vive de especulação financeira e investimentos em atividades que geram pouco emprego e muito lucro são os mais poupados na contribuição dos impostos — completou.
O ministro também falou sobre a perda de arrecadação dos Estados com o projeto, aprovado no ano passado, que definiu um teto para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, transporte coletivo e telecomunicações. Padilha afirmou que a medida foi uma "bomba fiscal" produzida pelo governo de Jair Bolsonaro, e que o assunto será tratado em reunião com governadores no próximo dia 27.
— Essa bomba fiscal foi produzida por Bolsonaro de forma irresponsável. Ele fez uma verdadeira operação financeira, administrativa e até policial para tentar ganhar as eleições. E agora isso (a compensação aos Estados) precisa ser tratado — afirmou.
Clima no país
Padilha também falou sobre seu papel no ministério, citando a necessidade de reestruturar as relações entre o governo e os demais setores da sociedade. De acordo com ele, quem quiser viver um ambiente de "guerra" diária "vai perder o bonde".
O ministro comentou a recente entrevista do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, à Rádio Gaúcha, em que o mineiro sugeriu "vista grossa" do governo diante dos atos de vandalismo em Brasília, no último dia 8.
— Essa foi uma afirmação no mínimo irresponsável e leviana. É uma fala de alguém que ainda não tirou a roupa do bolsonarismo e vive em uma época em que governo federal e governos estaduais fabricavam guerras todos os dias. Mas essa não é mais a era que nós vivemos — afirmou.
O ministro disse que o presidente Lula e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, estão fazendo reuniões bilaterais com ministros para "retomar a agenda que o Brasil precisa". Ele destacou as medidas adotadas até o momento, como a medida provisória que garantiu o pagamento do Bolsa Família de R$ 600, os primeiros passos para reorganização do programa e o anúncio do novo piso do magistério.