O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (10) que todos aqueles que financiaram ou incentivaram os atos golpistas, seja por ação ou omissão, serão punidos no rigor da lei, além dos próprios vândalos que atacaram as sedes dos três poderes no último domingo (8).
— As instituições vão punir todos os responsáveis, todos. Aqueles que praticaram os atos, aqueles que financiaram, aqueles que contribuíram, aqueles que incentivaram, por ação ou por omissão, porque a democracia vai prevalecer — afirmou Moraes, que discursou na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, durante a posse do novo diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues.
Moraes é relator de dois inquéritos no STF que apuram o planejamento e a realização de atos antidemocráticos por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No âmbito desses processos, o ministro afastou, na madrugada de segunda-feira (9), o governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB), e determinou a prisão em flagrante de quem não se retirasse de acampamentos golpistas em frente a unidades das Forças Armadas em todo o país.
Ainda na segunda-feira, o maior desses acampamentos, em frente ao Quartel-General do Exército na capital federal, foi removido. A medida foi cumprida sob supervisão de Ricardo Capelli, nomeado interventor federal na Segurança Pública distrital pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Aproximadamente 1,2 mil pessoas que estavam no local foram levadas em dezenas de ônibus para instalações da PF, onde estão sendo ouvidas e fichadas.
Moraes disse que os que praticaram atos violentos "não são civilizados", sendo aplaudido pela plateia. Acrescentou que essas pessoas não devem achar "que ser preso é estar em colônia de férias", pois serão punidos no rigor da lei. Na decisão em que determinou as prisões em flagrante, ele apontou ao menos sete crimes que podem ter sido cometidos pelos detidos, incluindo aqueles contra o Estado Democrático de Direito e a soberania nacional.
— As instituições não são feitas só de mármore, cadeiras e mesas, são feitas de pessoas, de coragem, de cumprimento da lei. Não haverá apaziguamento — garantiu.
Moraes elogiou o delegado Andrei Torres, novo diretor-geral da PF, que disse ter competência técnica e acadêmica, com capacidade "de pensar, inovar, de trabalhar".
— O grande desafio das polícias é a questão da inteligência, da informação, da junção de informações para que possamos nos planejar, para que possamos nos antecipar, nos prevenir da criminalidade — completou.
Também na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que já foram identificadas as empresas donas dos ônibus apreendidos que levaram radicais a Brasília. A Advocacia-Geral da União (AGU) prepara o pedido de bloqueio de contas dessas pessoas jurídicas.