O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deve passar a próxima semana em Brasília. Conforme a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, Lula irá se encontrar com partidos políticos e presidentes da Câmara e Senado para discutir o formato da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Nessa sexta-feira (25), Gleisi descartou um plano B à PEC.
— Queremos insistir no caminho da política — disse Gleisi após reunião com o presidente eleito sobre o tema. — Lula estará em Brasília para essas conversas e para encaminhar PEC.
De acordo com ela, o petista irá conversar com bancadas, partidos políticos e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Senado, Rodrigo Pacheco (PSD- MG). A reunião com Lula nesta sexta-feira, em São Paulo, foi para organizar a agenda do presidente eleito em Brasília.
Gleisi reconheceu que o jeito que o processo da PEC teve início pode ter atrasado sua aprovação. Ela chegou pela manhã na casa de Lula, na capital paulista, para discutir o teor da proposta e destravar as negociações. O presidente eleito está há duas semanas sem ir a Brasília, primeiro por causa da viagem à COP 27, no Egito e, segundo, para se recuperar da cirurgia que fez na garganta. Sua ausência gerou dificuldade em avançar na discussão da PEC.
O anteprojeto da PEC apresentado pelo coordenador de transição, o vice Geraldo Alckmin (PSB), propôs um gasto de aproximadamente R$ 200 bilhões fora do teto de gastos, de forma permanente. Os recursos seriam usados para bancar o Bolsa Família de R$ 600 e um adicional de R$ 150 por criança, além de outras promessas de campanha.
Líderes do Centrão se queixam do valor proposto pela equipe de transição e pela falta de um prazo definido. Na prática, eles temem que o governo eleito garanta uma fatia de recursos anualmente e não necessite negociar com o Congresso.
Sem pressa para nomear ministro
Gleisi também afirmou que Lula não definiu ministérios e que existem vários nomes em jogo. De acordo com ela, não há pressa, e o anúncio vai ocorrer no "momento oportuno".
— O presidente tem vários nomes na cabeça. Já tem mais ou menos o que está pretendendo para o ministério. Mas não está com pressa — disse. — Pode ser que ele fale alguma coisa semana que vem ou não, não é essa a finalidade da ida dele a Brasília — continuou.
Como mostrou o Broadcast Político, o mais cotado para o Ministério da Fazenda é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). A ideia é que ele faça uma dupla com o economista e um dos formuladores do Plano Real Persio Arida, que poderia comandar o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
O nome de Haddad foi testado nesta sexta-feira (25) no almoço anual de dirigentes dos bancos na Febraban. Com a repercussão do discurso do petista, a Bolsa fechou em queda de 2,51% após a fala do ex-prefeito. Banqueiros e economistas avaliam que Haddad fez uma fala generalizada e sem detalhar questões fiscais.