Parte das comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, o coração do imperador Dom Pedro I chega ao Brasil nesta segunda-feira (22). Vindo de Portugal em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), o órgão será recebido na terça-feira (23) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Preservado em formol desde 1834, quando o primeiro imperador do Brasil morreu, o órgão ficará em exposição no Palácio do Itamaraty, em Brasília, até 7 de setembro, em meio a uma série de celebrações alusivas à data. A negociação para a vinda do coração durou meses, envolvendo o Itamaraty, a Irmandade Nossa Senhora da Lapa - guardiã do órgão - e a Assembleia Municipal do Porto. O deslocamento inicia neste domingo (21) e a viagem de volta para a cidade do Porto está marcada para 8 de setembro.
A ação, no entanto, é contestada. A arqueóloga e historiadora Valdirene Ambiel, que tem um estudo baseado em análises dos restos mortais do imperador e das imperatrizes Leopoldina e Amélia (segunda esposa de Dom Pedro I), se manifestou de forma contrária ao translado. Em suas redes sociais, ela disse que a iniciativa é uma "sandice". A pesquisadora ainda ressaltou que se deve levar em consideração como a iniciativa é vista pelos portugueses.
- É preciso também entender e respeitar o que os portugueses pensam sobre esse assunto. Uma vez que a vontade de D. Pedro, Duque de Bragança, o dono deste coração, era que este órgão fosse preservado na Cidade do Porto. Se não conseguimos fornecer o mínimo de respeito e dignidade ao corpo de D. Pedro, qual o sentido em trazer seu coração, mesmo que por pouco tempo? - escreveu.
O coração do imperador foi doado pela filha à cidade do Porto em 1835 e é guardado a cinco chaves em uma urna de maneira dentro de um mausoléu de granito localizado na igreja da Lapa. Segundo a Irmandade, são necessários seis homens para realizar a retirada do órgão do local. Somente em raríssimas ocasiões há exibição da relíquia.