O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (7) que o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do The Guardian, podem ter sido executados, mas afirmou que espera que sejam encontrados brevemente. Pereira e Phillips desapareceram quando viajavam a trabalho, no domingo (5), e retornavam da comunidade São Rafael em direção à cidade de Atalaia do Norte, na Amazônia.
Bolsonaro afirmou duas vezes que "tudo pode acontecer" nessa região, classificada por ele como "selvagem", e afirmou que "é uma aventura que não é recomendável que se faça".
— O que nós sabemos até o momento? Que no meio do caminho teriam se encontrado com duas pessoas, que já estão detidas pela Polícia Federal, estão sendo investigadas. E, realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados. Tudo pode acontecer. A gente espera e pede a Deus para que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região — afirmou o presidente.
Em comunicado divulgado na manhã desta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores disse que a Polícia Federal (PF) e a Marinha estão tomando "todas as providências" para localizar Pereira e Dom Phillips o mais rapidamente possível. O Itamaraty observou, ainda, que tomou conhecimento do assunto "com grande preocupação".
Repórteres Sem Fronteiras pede helicópteros
O diretor para América Latina do Repórteres Sem Fronteiras, Emmanuel Colombié, vê com preocupação o desaparecimento do jornalista e do indigenista.
— Os primeiros dias, as primeiras horas, são fundamentais nesse tipo de situação. Estamos muito preocupados, é uma notícia muito séria. Precisamos de helicópteros — solicitou Colombié à Rádio Eldorado nesta terça-feira.
A Marinha informou que na manhã desta terça-feira usa um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e um jet ski nas buscas pela dupla. O sumiço ganhou repercussão internacional pela atuação do servidor em projeto de vigilância de aldeias indígenas contra exploradores e narcotraficantes.
Pereira estava licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) e sofria ameaças. Phillips já fez reportagens sobre povos isolados da região em 2018.
Confira a nota do Itamaraty na íntegra:
"O governo brasileiro tomou conhecimento, com grande preocupação, da notícia de que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia. Mobilizado desde logo, o departamento de Polícia Federal (PF) está atuando naquela região e tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível. A PF fez repetidas incursões e tem contado com o apoio da Marinha do Brasil, que se somou aos esforços nos trabalhos de buscas de ambos os cidadãos. O governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio. Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça. Os familiares e colegas de trabalho dos desaparecidos serão mantidos a par do progresso das buscas."