Ex-ministro da Secretaria de Governo na gestão de Jair Bolsonaro, o general Santos Cruz acredita na confiabilidade da urna eletrônica e acha absurda a sugestão do presidente de que as Forças Armadas se envolvam na apuração dos votos. As afirmações foram feitas em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha nesta segunda-feira (9).
Para Santos Cruz, os questionamentos sobre a segurança do sistema eleitoral são parte de uma estratégia para direcionar o debate público com polêmicas.
— Nós temos alguns motivos que são "âncoras" para esse estado permanente de conflito, pois quando você não tem capacidade ou é despreparado para governar, então você precisa criar coisas espetaculares e criar briga toda semana para que a atenção não fique naqueles problemas que precisam ser discutidos. Um destes motivos é a urna eletrônica.
O general e ex-ministro lembrou que o próprio Jair Bolsonaro e pessoas ligadas a ele já foram eleitos, "legitimamente", pelo sistema eletrônico em vários pleitos. Santos Cruz entende que a urna é confiável, embora ressalte a importância de uma política de constante aperfeiçoamento do sistema, e afirma que as Forças Armadas não devem se envolver nesta questão.
— Forças Armadas têm nada a ver com sistema eleitoral. Isso é um absurdo. É mais um absurdo para gerar confusão. Forças armadas não tem nada a ver com urna eletrônica. Para mim, foi um erro do TSE quando convidou Forças Armadas para participarem da comissão de verificação — opinou.
— É um absurdo querer comprometer forças armadas dentro de um processo eleitoral. Quem é responsável pelo sistema eleitoral, urna eletrônica, apuração, é a Justiça Eleitoral. E ela é equipada para isso. Simplesmente não tem cabimento você imaginar forças armadas fazendo apuração eleitoral — acrescentou Santos Cruz.
Sobre candidatura
O general da reserva Santos Cruz é filiado ao Podemos. O nome dele é citado como possível candidato à presidência, depois que o ex-juiz e também ex-ministro Sérgio Moro deixou a sigla.
Na entrevista desta segunda-feira, Santos Cruz disse que nunca houve conversa dentro do partido para que ele fosse vice de Moro e que ele próprio só ouviu falar desta possibilidade por meio da imprensa. De acordo com o general da reserva, o Podemos não descarta uma candidatura própria, caso se mantenha o cenário de polarização em que apenas o ex-presidente Lula e o atual presidente Bolsonaro parecem ter chance de vitória.
— Meu nome está à disposição do partido para isso (ser candidato à presidência). Fora isso, também posso concorrer a alguma vaga eletiva aqui no Distrito Federal, onde é meu título eleitoral — revelou.
Ouça a entrevista do general Santos Cruz ao Gaúcha Atualidade: