O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou nesta quarta-feira (16) que não deseja congestionar a chamada terceira via e que, por isso, ainda avalia apoios políticos e de setores empresariais para viabilizar a sua candidatura à Presidência da República. Segundo Leite, a decisão sobre concorrer ou não ao Palácio do Planalto será anunciada na próxima semana e ainda depende da consolidação de alianças.
— Não quero entrar neste processo para congestionar a terceira via. Quero entender a disposição de diversos atores de tentarmos construirmos convergência. Me sinto em condições de enfrentar a polarização. Acredito na possibilidade de uma vitória, mas não basta a minha convicção, precisa ser a convicção de mais gente, de mais pessoas, de mais lideranças políticas. Preciso entender a possibilidade de formação de grupos, quem vem junto. Não apenas da política, mas também da sociedade civil, lideranças empresariais, movimentos sociais — disse Leite, em coletiva de imprensa, antes de participar da reunião-almoço Tá na Mesa, tradicional evento com empresários na Federação das Entidades Empresariais do RS (Federasul), em Porto Alegre.
O governador, atualmente no PSDB, também admitiu que o PSD, partido com o qual negocia uma filiação para concorrer à Presidência, está dividido entre aqueles que querem a sua candidatura e os que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o atual, Jair Bolsonaro.
— O PSD tem, por um lado, os que pensam em favor do Lula, os que pensam em favor de Bolsonaro, e muitos que pensam, inclusive o seu presidente, que já se manifestaram em favor de construir uma alternativa e que o meu nome é o capaz — disse.
Leite participou, na manhã desta quarta-feira, do evento de filiação da ex-senadora Ana Amélia Lemos no PSD. O ato contou com a presença do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, principal articulador da candidatura de Leite pela legenda.
O governador gaúcho voltou a repetir uma afirmação que tem feito ao longo dos últimos meses, de que é preciso encontrar uma alternativa com viabilidade eleitoral às candidaturas de Lula e Bolsonaro — respectivamente primeiro e segundo colocados nas pesquisas recentes de intenção de voto. Para Leite, esses levantamentos já mostram que João Doria (PSDB), Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) não têm viabilidade eleitoral para chegar a um segundo turno.
— Não sou eu que estou dizendo que (essas três candidaturas) são inviáveis ou pouco viáveis. As pesquisas estão mostrando isso. As pesquisas têm que ser analisadas pelo que a população diz que não quer. A rejeição é muito importante de ser analisada. Ela que mostra a capacidade de crescimento. E vocês têm nessas figuras velhos conhecidos da população — argumentou Leite, sobre os três adversários políticos.
Doria x PSDB
Em mais de um momento na coletiva, Leite fez referência ao governador de São Paulo, por quem foi derrotado nas prévias do PSDB que escolheram o candidato do partido à Presidência. Segundo Leite, o comando nacional do PSDB, que articula as alianças para as eleições nacionais, têm afirmado a outras siglas que o cenário é de “jogo zerado”, ou seja, de que o seu partido ainda estaria aberto a compor uma chapa sem o nome do governador paulista.
— O PSDB falou agora junto de outros partidos com quem está falando sobre coligação sobre jogo zerado. Bom, se zerou o jogo e o partido tem a disposição de conversar sobre uma candidatura sendo liderada por outro (candidato) que não seja do partido, porque não discutir no próprio partido. Essa discussão também pode ser ensejada — disse Leite.
Doria foi escolhido em eleição interna do PSDB, chamadas de prévias, para ser o candidato tucano à Presidência da República. Doria, com 53,99% dos votos internos, venceu Leite, que somou 44,66%.
— Talvez Doria fosse um candidato melhor em 2018, diante do momento que se buscava de alguém de fora da política, alguém que negava a política. Agora, o que se busca é algo diferente — disse o governador gaúcho.
Leite também minimizou as críticas públicas que recebeu, um dia antes, do tesoureiro do PSDB, César Gontijo. Em entrevista ao Estadão, ele disse que a provável saída de Leite do partido seria um "desastre financeiro" e representaria um problema de “ética” para Leite. Ainda conforme o tesoureiro, “as prévias custaram R$ 10 milhões e só aconteceram porque Eduardo Leite se comprometeu a ficar na legenda se perdesse”.
— A manifestação do tesoureiro parece descabida neste momento da discussão — respondeu Leite.