O ex-procurador Deltan Dallagnol, da Operação Lava-Jato, afirma ter recebido mais de R$ 300 mil em doações via Pix após ser condenado a indenizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por danos morais. O valor já supera, e com folga, o determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o pagamento, de R$ 75 mil - o petista pedia R$ 1 milhão devido à apresentação de PowerPoint em que foi acusado de liderar uma organização criminosa.
Em uma postagem no Twitter, Dallagnol afirma que "brasileiros depositaram espontaneamente" o dinheiro na conta dele por estarem "indignados com a injustiça da condenação". "Não tenho palavras para o carinho, a solidariedade e o senso de justiça desse gesto", escreveu.
Dallagnol também publicou um vídeo em que mostra a tela do celular com o aplicativo do banco aberto e diz que, durante toda a madrugada desta quinta-feira (24), não pararam de chegar doações (veja abaixo).
"Foram CENTENAS e CENTENAS de contribuições espontâneas de pessoas de todo o Brasil, de 1, 2, 5, 25, 30, 50, 100, 500 ou 1.000 reais, e minha esposa está me avisando que elas não param de chegar! A atitude por trás de cada doação me fez encher os olhos várias vezes hoje", escreveu em uma das publicações.
Dallagnol afirma ainda que, se conseguir recorrer da decisão, o valor será doado. De qualquer forma, de acordo com ele, todo o excedente do montante arrecadado também vai ser transferido para "as mesmas causas".
O STJ considerou inadequada a forma como Dallagnol apresentou a denúncia contra Lula no âmbito da Lava-Lato, em 2016. Naquele ano, o Ministério Público Federal acusou o ex-presidente dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex de Guarujá (SP).
Dallagnol usou uma apresentação de PowerPoint em que o nome do petista aparecia no centro da tela, associado a diversas expressões, como "petrolão + propinocracia", "perpetuação criminosa no poder", "governabilidade corrompida", "mensalão" e "enriquecimento ilícito". O material estampou manchetes dos principais jornais do país e virou meme nas redes sociais.
A defesa de Lula afirma que o ex-procurador agiu de forma abusiva e ilegal ao apresentá-lo como personagem de esquema de corrupção, configurando julgamento antecipado. Na ocasião, o petista foi descrito pelo então procurador como "comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava-Jato", "maestro de organização criminosa" e "grande general que comandou a realização e a continuidade da prática dos crimes".