A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL elevou as ambições do partido no Estado. Até então restrita a um deputado federal e dois estaduais, a sigla almeja agora eleger o próximo governador, além de formar bancadas numerosas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. O candidato ao Piratini será o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, de saída do DEM.
O primeiro passo desenhado pela direção é atrair parlamentares fiéis a Bolsonaro e que estejam descontentes em seus partidos. O alvo primordial são deputados do DEM e do PSL insatisfeitos com a fusão que dará origem à União Brasil. Na bancada gaúcha na Câmara, já está acertada a migração de Sanderson e Bibo Nunes, ambos do PSL.
Na Assembleia, a diáspora será ainda maior, abrigando três dos quatro parlamentares do PSL, Capitão Macedo, Vilmar Lourenço e Tenente-Coronel Zucco, e um do DEM, Eric Lins. Na Câmara Municipal de Porto Alegre, há ainda Alexandre Bobadra (PSL).
— Eu serei o primeiro deputado a entrar no PL. Estou só esperando a Justiça Eleitoral homologar a fusão entre PSL e DEM. No mesmo dia, eu saio — afirma Bibo Nunes.
Outros três integrantes do PSL não são bem-vindos nesse redesenho do PL. Por diferentes motivos, os deputados federais Marcelo Brum e Nereu Crispim, e o estadual Ruy Irigaray, estão sendo escanteados pelos colegas. Brum angariou antipatia geral ao desferir ofensas homofóbicas ao governador Eduardo Leite, Nereu é considerado um desertor do bolsonarismo por atuar contra o governo na CPI das Fake News e Irigaray tem contra si a ameaça de cassação por quebra de decoro parlamentar. De acordo com o presidente do PL no Estado, Giovani Cherini, uma eventual filiação do trio geraria “animosidades internas”.
Em compensação, o partido está atrás inclusive de deputados ligados à esquerda. Em trajetória de ruptura dentro de suas legendas, os deputados federais Marlon Santos (PDT) e Liziane Bayer (PSB), bem como a deputada estadual Franciane Bayer (PSB), devem assinar ficha no PL em março, na abertura da janela para troca de partidos. Há apenas uma defecção à vista: o deputado estadual Aírton Lima pretende migrar para o Podemos.
Se todas essas transferências se confirmarem, e com Onyx reassumindo o mandato de deputado para concorrer ao Piratini, o PL passará a ter a maior bancada na representação gaúcha na Câmara, ao lado do PT, com cinco deputados. Já na Assembleia, o partido será o terceiro maior, atrás apenas de PT e MDB.
— Esse crescimento está atraindo muita gente. Não paro de receber telefonemas de pessoas se dizendo bolsonaristas e querendo se candidatar no ano que vem. Vamos ter problemas para fechar a nominata — projeta Cherini.
Embora tenha hoje a terceira maior bancada da Câmara, com 43 deputados, o PL é apenas o oitavo maior partido do Brasil em número de filiados. No Rio Grande do Sul, é o 11º, com somente 24 mil fichas assinadas. Para Cherini, o foco não é aumentar o número de filiados, mas sim a representação política.
— Eu fiquei 28 anos no PDT, e o partido era um dos maiores do Estado, mas na hora da eleição nunca fazia o mesmo número de votos do que de filiados. Estamos montando comissões provisórias em vários municípios, mas o objetivo é formar liderança — resume.
Todavia, a entrada de Bolsonaro e Onyx naturalmente irá inflar o partido no Estado. Além dos seguidores do presidente, a sigla vai abrigar todo o grupo do ministro, cuja origem política se deu no próprio PL, no início dos anos 1990. De volta à legenda, Onyx pretende fazer do apoio de Bolsonaro seu maior trunfo na corrida ao governo do Estado. Para tanto, confia no eleitorado cativo da direita e em alianças com partidos do mesmo espectro ideológico, como o Republicanos, sua prioridade no momento. O PL também não desistiu de atrair parte do PP descontente com a candidatura do senador Luis Carlos Heinze.
— Estamos conversando com bastante gente. Teremos o vice de um partido e o candidato a senador de outro. Não acho ruim o presidente ter dois palanques no Estado (Heinze e Onyx), mas, na reta final, o eleitor vai escolher quem estiver na frente. Acho que Bolsonaro já elegeu o Heinze em 2018 e tem nele um bom senador na defesa do governo. Agora é hora de eleger um governador, e ele não vai abrir mão de que seja o Onyx — afirma Cherini.
O PL hoje
Na Câmara
Giovani Cherini
Na Assembleia
Paparico Bacchi
Aírton Lima*
*De saída para o Podemos
As migrações
Na Câmara
Bibo Nunes (PSL)
Sanderson (PSL)
Marlons Santos (PDT)
Liziane Bayer (PSB)
Onyx Lorenzoni (DEM)*
*Deputado licenciado para ocupar o Ministério do Trabalho
Na Assembleia
Capitão Macedo (PSL)
Vilmar Lourenço (PSL)
Tenente-coronel Zucco (PSL)
Eric Lins (DEM)
Franciane Bayer (PSB)