O ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal (MPF) Deltan Dallagnol anunciou nesta quinta-feira (4) que deixou a procuradoria. Em um vídeo de dois minutos e 53 segundos postado em seu canal no YouTube e redistribuído em outras redes sociais, o agora ex-procurador diz que tomou a medida para "continuar lutando contra a corrupção":
— Creio que posso fazer mais pela sociedade fora do Ministério Público, lutando com mais liberdade pelas causas nas quais acredito. Às vezes, é necessário ter fé na direção dos nossos sonhos. Tenho várias ideias sobre as maneiras que posso contribuir e eu serei capaz de avaliar, refletir e orar melhor sobre essas ideias depois que sair do Ministério Público.
Dallagnol não indicou qual será a atividade que irá desenvolver. Disse que a atividade do Ministério Público é muito importante no combate à corrupção e que é preciso, neste momento, atuar em outras frentes onde há tentativas de reduzir o alcance dessa tarefa. Recentemente, a Câmara dos Deputados votou um projeto que reduziria a autonomia do Ministério Público.
Em 2019, o vazamento de diálogos trocados entre integrantes da força-tarefa da Lava-Jato no MPF e também entre Dallagnol e o ex-juiz Sergio Moro resultou na abertura de processos contra o então procurador. Os casos ainda estão em tramitação no Conselho Nacional do Ministério Público. Moro, depois do vazamento, também deixou o Judiciário, tornou-se ministro de Jair Bolsonaro e hoje é pré-candidato à Presidência da República.
Neste ano, a Lava-Jato sofreu a maior derrota de sua história, com o entendimento do STF de suspeição de Moro em razão dos vazamentos dos diálogos, o que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na época, Dallagnol afirmou, em nota, que, apesar da derrota, a Lava-Jato "investigou crimes e aplicou a lei". "Não inventou nada", frisou. "Os cinco bilhões (de reais) já devolvidos por criminosos confessos aos cofres públicos não cresceram em árvores."