Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (7), o médico Walter Correa de Souza Neto afirmou que os profissionais que prestavam serviços para a Prevent Senior não tinham autonomia e confirmou a prescrição do kit covid para pacientes com a doença.
As informações constam em um dossiê que foi entregue aos senadores com denúncias contra a operadora de saúde, como a disseminação de remédios sem eficácia comprovada e alteração em prontuários de pacientes.
— Eu internava paciente que havia tomado o kit. Eu acompanhava esse paciente depois pelo prontuário durante a internação e via esses pacientes irem a óbito. Mas eles (Prevent Senior) continuaram fazendo essa política de “evangelização” de prescrever a medicação e às vezes induziam os médicos ao erro também — disse o médico, que trabalhou na Prevent Senior por oito anos e foi demitido no início de 2021.
Souza Neto confirmou que a prescrição dos medicamentos era obrigatória e a orientação começou no início da pandemia, entre março e abril de 2020. Segundo o depoente, quem não seguia a ordem, era demitido.
— Eles instituíram um protocolo institucional e daí iniciou a determinação para que a gente prescrevesse essa medicação. Pouco depois, os kits com a medicação começaram a ser disponibilizados, colocados no consultório — relatou.
O médico revelou ainda que, em um determinado momento, foi obrigado a retirar a máscara para “não assustar os pacientes”. Outros colegas também foram orientados a não usar o equipamento de proteção. Após, segundo ele, a operadora de saúde forneceu máscaras para os profissionais e outros EPIs.
Walter Correa de Souza Neto presta depoimento à CPI da Covid no mesmo dia de Tadeu Frederico Andrade, advogado e paciente da Prevent Senior. Andrade deu detalhes de como foi o tratamento dado pela operadora de saúde quando contraiu a doença. De acordo com o depoente, a empresa queria convencer a sua família a desligar os aparelhos que o mantinham vivo durante internação na UTI.
O que diz a Prevent Senior
Confira, na íntegra, o posicionamento da operadora de saúde:
"O depoimento do médico Walter Correa Neto não trouxe fatos, apenas narrativas mentirosas. Mais uma vez, a Prevent Senior nega e repudia as acusações infundadas levadas à CPI da Covid e à imprensa com base em mensagens editadas, truncadas ou tiradas de contexto. O médico faz parte de um grupo que tentou firmar acordos milionários com a operadora para que a advogada Bruna Morato não levasse as acusações à CPI.
A denúncia mais grave é sugerir que os médicos da empresa optem pela adoção de cuidados paliativos para matar pacientes e economizar recursos, o que tanto os médicos quanto a direção da empresa veementemente contestam.
A Prevent defende e vai colaborar para que órgãos técnicos, como o Ministério Público, investiguem todas estas acusações para restabelecer a verdade dos fatos. Lamentavelmente, aos moldes do que aconteceu nos piores tempos da Operação Lava Jato, atacou-se a reputação da empresa antes do esclarecimento de todos os fatos"