O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dê encaminhamento aos pedidos de impeachment apresentados contra o presidente Jair Bolsonaro. Em coletiva de imprensa em Brasília nesta sexta-feira (8), Lula afirmou que considera uma “insanidade” dizer que ele é contra a saída de Bolsonaro do poder:
— O PT não precisa dizer que quer o "fora Bolsonaro" e o impeachment. Aliás, oPT é o único partido que não precisa dizer isso. O presidente da Câmara poderia colocar em votação.
Cabe à Lira decidir sobre o abertura dos processos de impeachment no Congresso Nacional. Atualmente, mais de 120 pedidos estão protocolados na Câmara — até agora, nenhum foi levado adiante.
Lula comentou sobre as críticas que recebeu por não participar dos protestos organizados por partidos da esquerda no último sábado (2), para fazer frente aos atos convocados por Bolsonaro no dia 7 de setembro e que contaram com a presença do presidente em Brasília e em São Paulo. O ex-presidente disse que não foi às manifestações por uma “questão de responsabilidade”.
— Não vou contribuir para transformar os atos em atos políticos. Porque na hora em que eu subir em um caminhão, vai ser para não descer mais — disse Lula, afirmando que, por ser do grupo de risco, também está tomando cuidados por conta da pandemia da covid-19.
O ex-presidente despistou sobre a sua provável candidatura à Presidência da República nas próximas eleições, dizendo que “ainda não decidiu” se irá concorrer, apesar de ser o principal nome da esquerda na disputa ao Palácio do Planalto em 2022 e líder nas pesquisas.
Em agenda em Brasília durante a semana, Lula estreitou laços com partidos políticos e apoiadores. O ex-presidente se reuniu com representantes de PSOL, PCdoB, Pros e MDB. Além disso, esteve com militantes do PT e falou para uma oficina de catadores de lixo do Distrito Federal.
Mesmo ainda não confirmando oficialmente a candidatura, Lula aproveitou para alfinetar o atual governo federal, sem citar diretamente Bolsonaro, outro nome que deve estar na disputa eleitoral do próximo ano e deverá ser seu principal adversário.
— É com muita tristeza que um país de 215 milhões de habitantes, com a riqueza que nós temos... Tudo isso não vale nada na mão de alguém que nunca se preparou para governar nem o conjunto habitacional que ele mora se fosse síndico. Um presidente não ganha as eleições para falar bobagem. Ele deveria fechar a boca e governar este país como outros já fizeram.
Lula disse defender que todos os partidos políticos tenham direto a ter candidato à Presidência, ao ser questionado sobre um terceiro nome que possa fazer frente nas eleições de 2022.
— A candidatura do Bolsonaro é competitiva. E a minha eu também acho competitiva. Sobre outras candidaturas, acho ótimo — disse.
A Operação Lava-Jato, que culminou na sua prisão em 2018, também foi alvo de críticas do ex-presidente, assim como a imprensa, que, segundo ele, "publicou apenas as informações que recebeu e não levou em conta a defesa":
— Quem construiu a mentira foi a força-tarefa da Lava-Jato e o juiz Sergio Moro.