O deputado estadual Ruy Irigaray (PSL) foi interrogado por mais de três horas na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa na segunda-feira (18), abrindo a etapa de defesa do parlamentar. A portas fechadas, Irigaray foi ouvido pela subcomissão processante da Comissão de Ética, grupo de três deputados que investiga as denúncias contra o parlamentar do PSL.
Na primeira parte do depoimento, Irigaray falou por cerca de duas horas, apresentando a sua versão para os fatos que deram início à investigação. Depois disso, respondeu a perguntas por cerca de uma hora e 15 minutos. O parlamentar voltou a negar todas as acusações.
— Foram feitos todos os esclarecimentos necessários, e agora se aguarda uma decisão política e não jurídica. No ambiente jurídico, se fica muito tranquilo — disse o advogado Lúcio Constantino, que representa Irigaray.
Assim que a Comissão de Ética concluir a transcrição do interrogatório, o que deve ocorrer até quinta-feira (21), começa a contar o prazo para entrega da defesa por escrito de Irigaray. O parlamentar terá cinco sessões legislativas, cerca de três semanas, para apresentar o seu texto.
A etapa seguinte, também com prazo máximo de cinco sessões legislativas, é a conclusão do relatório. O parecer, que está a cargo do deputado Beto Fantinel (MDB), será apreciado pelos 12 integrantes da Comissão de Ética.
— Acredito que eu consiga concluir o relatório até o final de novembro — avalia Fantinel, estimando que o processo tenha conclusão ainda em 2021.
A Comissão de Ética pode concluir pela inocência ou culpa de Irigaray. Caso entenda que o deputado praticou algumas das infrações investigadas, o grupo encaminhará à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a proposta de penalização do parlamentar, que tem a cassação do mandato entre as sanções previstas. Se for esse o encaminhamento, o pedido de cassação do mandato de Irigaray seguiria para votação final em plenário.
Entenda o caso
Reportagem do jornalista Giovani Grizotti, da RBS TV, mostrou que Cristina Nebas, uma ex-assessora de Irigaray, acusa o parlamentar de utilizar funcionários comissionados do gabinete na Assembleia Legislativa, pagos com dinheiro público, para fins pessoais, como a reforma da casa da sogra dele. As denúncias foram endossadas por outra ex-assessora do parlamentar.
Nebas também acusou o parlamentar de exigir parte do salário de funcionários do gabinete. Além dos depoimentos, vídeos, fotos e mensagens de WhatsApp apresentadas na reportagem indicam que o deputado também teria utilizado assessores do gabinete para as atividades de babá e empregada doméstica.