O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (18), em cerimônia de comemoração do centenário da igreja Assembleia de Deus no Pará, que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai "mudar aos poucos".
Nesta quarta-feira, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Corte, Luiz Fux, fizeram pedido de trégua entre os Poderes da República após reunião para discutir a crise institucional deflagrada pelos constantes ataques do chefe do Executivo a membros do Judiciário. O parlamentar disse que "a democracia não pode ser questionada o tempo todo".
Em discurso diante de fiéis da congregação do pastor Silas Malafaia, que acompanhou a comitiva presidencial ao longo do dia, Bolsonaro atacou novamente o STF.
— Temos tido um bom retorno do parlamento. Sabíamos que no outro Poder ao lado, o Supremo Tribunal Federal, uma ou outra pessoa iria nos atrapalhar, mas acreditamos que este Supremo, assim como o parlamento, assim como o Executivo, aos poucos vai mudando — disse pouco antes de lembrar que o próximo presidente poderá indicar mais dois nomes logo no primeiro semestre do mandato.
Bolsonaro celebrou ainda a escolha do atual advogado-geral da União, André Mendonça, para substituir o agora ex-ministro Marco Aurélio Mello, aposentado em julho ao completar 75 anos. Garantiu que o jurista rezará nas primeiras sessões semanais. O ingresso de Mendonça no STF, no entanto, ainda depende de aprovação em sabatina no Senado, adiada por Pacheco, que pretendia colocar a matéria em pauta ainda em agosto, mas recuou após insistência do presidente em acirrar os ânimos entre as instituições.
— Uma missão eu dei para ele, e ele se comprometeu a cumpri-la. Toda primeira sessão da semana no STF, ele pedirá a palavra e iniciará os trabalhos após uma oração — disse antes de ser interrompido por aplausos dos presentes.
— Pode ter certeza, Deus se fará mais presente naquela instituição. Onde entra a palavra de Deus entra harmonia, entra paz, entra prosperidade — completou.
"Fé e crença"
O presidente apelou para a "fé e a crença" da população brasileira para que o país supere o desemprego e a inflação. Bolsonaro reconheceu a existência de problemas, como a escalada de preços, crise hídrica e desemprego, mas afirmou que será possível superá-los.
— Com muitos problemas que temos enfrentado e que não estavam previstos: a pandemia e seus reflexos, uma crise de falta d'água como não visto na história do Brasil. O povo tem sofrido com isso: tem inflação, tem desemprego. Tem dias, realmente, angustiantes. O que posso dizer aos senhores? Com fé, com vontade, com crença, nós podemos superar esses obstáculos — afirmou.
O desemprego atualmente está em nível recorde: 14,6% no trimestre encerrado em maio. São 14,8 milhões de brasileiros em busca de uma vaga no mercado de trabalho. Já a inflação acumula alta de 8,99% em 12 meses, com peso maior para produtos básicos da alimentação, como arroz, feijão e carne. A conta de luz, por causa do acionamento das térmicas em função da crise hídrica, está com taxa extra, o que também vem pressionando o orçamento das famílias.