A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fantinato, disse em sua apresentação à CPI da Covid que deixou o posto por questões pessoais e por conta da "politização do assunto" da vacinação contra covid-19.
— Pela politização do assunto em relação à vacinação, decidi seguir meus planos pessoais —disse.
Francieli pediu demissão do cargo em 30 de junho, mas, segundo ela, só na quarta-feira (7) recebeu formalmente sua exoneração da função.
A ex-coordenadora apresentou seu currículo e destacou que ocupou funções no Ministério da Saúde por seu perfil técnico, e não por indicação política. Enfermeira, ela está entre os nomes investigados pela comissão. Francieli se recusou a prestar o compromisso de dizer a verdade, amparada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Francieli afirmou que os técnicos do órgão produziram uma nota técnica, no dia 19 de junho de 2020, alertando para a necessidade de imunização da população como forma de controlar a doença, ainda em um cenário de incerteza na pandemia do coronavírus. O documento teria sido encaminhado à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Na ocasião, o general Eduardo Pazuello chefiava interinamente a pasta.
— A gente precisaria, para a questão de controlar a transmissão, uma quantidade em torno de 55% de cobertura vacinal, que poderia variar até 95% — relatou, considerando uma provável escassez de produtos no mercado internacional.
Francili revelou que a nota técnica considerou o cenário de vacinação dos grupos prioritários, iniciando pelas populações vulneráveis. Aos senadores, ela afirmou que o PNI comunicou que seria "importante" o governo comprar as vacinas Coronavac e Pfizer.
A prisão do ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias, na quarta-feira, provocou desdobramentos. Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) pediu que os alvos da comissão passem a se tornar oficialmente investigados e não sejam mais chamados como testemunhas.
A estratégia da questão de ordem é garantir o direito ao silêncio e evitar novas ordens como a dada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM) pela prisão do ex-diretor.