Correção: as marcas Pizza Hut e KFC pertencem ao grupo IMC, do qual a família Wizard Martins detém 9,3% das ações, e não integram mais a empresa Sforza, de propriedade de Wizard, como publicado entre as 20h04min de 29/6 e as 19h40min de 1º/7. O texto já foi corrigido.
Após tentativas para não comparecer à CPI da Covid, o empresário Carlos Wizard — já inserido na lista dos primeiros 14 investigados da comissão — está sendo ouvido pelos senadores nesta quarta-feira (30).
Quem é?
Curitibano, Carlos Wizard Martins tem 64 anos. À frente da escola de idiomas Wizard e de outras 20 empresas, entrou para a lista de bilionários da revista americana Forbes em 2018, com patrimônio avaliado em R$ 2,4 bilhões. Em 2013, vendeu o grupo Multi, que incluía as escolas de idiomas Wizard e Yázigi, para a britânica Pearson por cerca de R$ 2 bilhões. Então, criou o Grupo Sforza, que controla diversas empresas. Também é acionista, juntamente com outros familiares, da IMC, dona de marcas como Pizza Hut e KFC. A fatia da família é de 9,3% das ações, sendo que Wizard tem 2,9%.
Em junho de 2020, o empresário disse ter sido convidado por Eduardo Pazuello para assumir o cargo de secretário de Ciência e Tecnologia no Ministério da Saúde — o qual, em um primeiro momento, teria aceitado. Poucos dias depois, emitiu nota dizendo que decidiu recusar o convite para continuar se dedicando a trabalhos sociais em Roraima.
Caso fosse para o ministério, Wizard planejava à época levar a proposta de ampliação da oferta de cloroquina e hidroxicloroquina para uso preventivo contra a covid-19.
— Quero fazer de duas maneiras: de forma precoce, tão logo diagnosticada, e de forma profilática o entorno dele. Se uma mãe foi diagnosticada, vamos dar para o marido, para os filhos e o entorno dela — afirmou em junho de 2020, enfatizando que "as pessoas fazem um fantasma muito grande sobre a cloroquina":
— Meu filho ficou dois anos na África, e sabe o que ele fazia toda semana? Ele tomava a tal da cloroquina. Era sagrado. Você acha que meu filho está retardado, com taquicardia, algum dano cerebral? Pelo contrário, é uma mente brilhante. Se eu soubesse que o mesmo efeito positivo que teve nele teria em outras criancinhas, eu daria para toda criancinha do Brasil.
Por que ele será ouvido na CPI?
Wizard é investigado pela comissão parlamentar sob suspeita de integrar e financiar o suposto ministério paralelo, que, segundo opositores, teria aconselhado o presidente Jair Bolsonaro sobre a gestão da pandemia na contramão das orientações do Ministério da Saúde. O aconselhamento incluiria a sugestão de medicamentos sem eficácia comprovada e a promoção da tese da imunidade de rebanho pela disseminação do vírus entre a população.
À CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, também entre os investigados do colegiado, afirmou que o empresário atuou informalmente como seu conselheiro por um mês.
Quando ouvida pela comissão, em 1º de junho, a médica Nise Yamaguchi, também apontada como integrante do suposto gabinete paralelo, disse que ela e Wizard participaram da criação de "uma conselho consultivo independente", sem vínculo oficial com o Ministério da Saúde.
Depoimento remoto
Depois que foi convocado para prestar depoimento, Wizard acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para ser ouvido por vídeo, mas o ministro Luís Roberto Barroso, da Corte, disse que a palavra final sobre a modalidade do interrogatório cabe ao Senado. O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, rejeitou o depoimento remoto. A defesa do empresário disse que ele estava nos Estados Unidos desde 30 de março acompanhando o tratamento de saúde de um familiar.
Convocado, não compareceu
Apesar de ter obtido habeas corpus para não responder a perguntas que o incriminassem, o empresário não se apresentou ao colegiado no dia 17 de junho, o que Aziz definiu à época como um desrespeito "não com a CPI, mas com o STF". Diante do não comparecimento, a CPI pediu a condução coercitiva e apreensão de passaporte do empresário, que teve os sigilos bancário, telefônico e telemático quebrados.
A Justiça Federal determinou, em 18 de junho, a retenção do passaporte de Wizard assim que ele voltasse ao Brasil. Barroso autorizou no mesmo dia a condução coercitiva do empresário. Após os integrantes da comissão decidirem que acionariam a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) para localizá-lo, advogados de Wizard procuraram os senadores e informaram que o cliente se apresentaria em data e hora agendadas pela comissão.