O general Eduardo Pazuello não será punido pelo Exército em razão da participação em uma manifestação ao lado do presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro. Segundo nota divulgada pelo Centro de Comunicação Social do Exército, o comandante Paulo Sérgio Nogueira "acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente" pelo ex-ministro da Saúde e "não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar". Assim, foi arquivado o procedimento administrativo que havia sido instaurado (leia íntegra da nota abaixo).
Em sua defesa, Pazuello disse não ter participado de um ato político ao lado de Bolsonaro no dia 23 de maio. Segundo ele afirmou, na justificativa, foi convidado pelo presidente para um passeio de moto, quando foi surpreendido com o pedido para subir em um carro de som, ao lado do chefe do Executivo.
Com esse argumento, o general da ativa negou ter cometido uma transgressão às normas do Exército. O militar destacou, ainda, que não é filiado a nenhum partido e disse que o país não vive um período eleitoral. Essa argumentação foi corroborada por Bolsonaro em uma transmissão pela internet, dizendo que não houve ato político.
Na terça-feira (1º), Pazuello foi nomeado como secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Ele deixou o comando do Ministério da Saúde em meados de março e, desde então, havia retornado ao Exército.
Com decisão do Exército de não punir Pazuello, Bolsonaro ganha força na politização de militares
Leia a coluna completa
Um dia depois da participação de Pazuello na manifestação, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fez críticas ao comportamento do ex-ministro. Segundo Mourão, o ex-ministro "entendeu que cometeu um erro".
— Acho que o episódio será conduzido à luz do regulamento, isso tem sido muito claro em todos os pronunciamentos dos comandantes militares e do próprio ministro da Defesa. Eu já sei que o Pazuello já entrou em contato com o comandante informando ali, colocando a cabeça dele no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro — disse o vice-presidente ao chegar ao Palácio do Planalto no dia seguinte ao ato.
— O regulamento disciplinar do Exército prevê que se avalie o tipo de transgressão que eventualmente foi cometido e que consequentemente se aplique a punição prevista para o caso — completou Mourão.
O Regulamento Disciplinar do Exército e o Estatuto das Forças Armadas proíbem a participação de militares da ativa em manifestações políticas. No ato que gerou o procedimento disciplinar, Pazuello chegou a subir em um trio elétrico e discursar.
Leia a nota do Exército
"Acerca da participação do General de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello."