A médica infectologista Luana Araújo criticou nesta quarta-feira (2), em depoimento à CPI da Covid, a falta de coordenação do governo federal no combate ao coronavírus no Brasil. Segundo ela, é necessário "uma mensagem única" por parte das autoridades do país para lidar com problemas como a pandemia.
— É uma estratégia quase que militar. Você tem um inimigo importante, e aí você começa a dispersar seus soldados, cada um faz uma coisa. Como é que a gente tem força para lidar com aquilo? Não tem, então é uma questão até de bom senso — afirmou.
Para Luana, faltou pactuar as decisões referentes ao combate da pandemia com todas as esferas de governo:
— Eu acho que essa é uma das razões pelas quais o ministro (da Saúde, Marcelo) Queiroga insistiu tanto na criação desta secretaria, que tem por objetivo fazer essa coordenação, promover uma melhor coordenação nesse momento.
Em maio, o nome da médica foi vetado pelo governo para assumir a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde. À CPI, Luana afirmou não saber se os ataques que recebeu por criticar o que chamou de "pseudo" tratamento precoce e defender o distanciamento social estão relacionados ao veto.
— Se o veto ao meu nome foi por conta de minha posição científica, técnica e necessária para exercer essa posição, a mim só me resta lamentar. Não sei se foi, mas se foi, considero trágico — afirmou.
Luana também foi questionada se chegou a ser inquirida por alguma pessoa do suposto "gabinete paralelo" de aconselhamento ao presidente na pandemia. Ela negou qualquer contato e disse que ainda que não conheceu ninguém da família Bolsonaro.
Mais cedo, Luana afirmou que nunca conversou com Queiroga sobre o tratamento precoce para a covid-19 enquanto esteve na pasta. Para ela, o Brasil ainda está na "vanguarda da estupidez" em vários aspectos no combate à pandemia, porque continua a discutir questões que não teriam "nenhum cabimento", como o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
— Ainda estamos discutindo de qual borda da Terra nós vamos pular — ironizou em referência à teoria terraplanista.