A médica infectologista Luana Araújo prestou depoimento nesta quarta-feira (2) à CPI da Covid. No início de maio, ela teve o nome anunciado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, mas a nomeação foi cancelada 10 dias depois:
— Numa situação de tamanha importância e tamanha complexidade, que seria a condução dessa secretaria, é importante que o responsável tenha essa autonomia para coordenar os trabalhos".
Não existe tratamento inicial da doença
A médica frisou, mais de uma vez durante depoimento na CPI da Covid, aos senadores que a ciência ainda não conseguiu encontrar um tratamento inicial para pacientes com covid-19.
— Não existe tratamento inicial da doença — disse, após a insistência do senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) em falar sobre a existência de medicamentos que, administrados no início da doença, impediriam sua evolução.
Luana destacou que a comunidade científica tem feito testes, mas que até o momento não houve resposta eficaz.
Ela ainda explicou porque medicamentos como a cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, não funcionam para tratar a covid-19.
— Não é que a gente não queira que as pessoas tenham acesso, pelo contrário, nossa vida seria mais fácil, perdi amigos, perdi colega de plantão da Fiocruz que era um gênio, morreu salvando a vida das pessoas. Se houvesse oportunidade a gente teria usado. Infelizmente, não tem — declarou a médica.
Críticas
Ela criticou ainda a falta de coordenação do governo federal no combate ao coronavírus no Brasil. Segundo ela, é necessário "uma mensagem única" por parte das autoridades do país para lidar com problemas como a pandemia.
— É uma estratégia quase que militar. Você tem um inimigo importante, e aí você começa a dispersar seus soldados, cada um faz uma coisa. Como é que a gente tem força para lidar com aquilo? Não tem, então é uma questão até de bom senso — afirmou.
Para Luana, faltou pactuar as decisões referentes ao combate da pandemia com todas as esferas de governo:
— Eu acho que essa é uma das razões pelas quais o ministro (da Saúde, Marcelo) Queiroga insistiu tanto na criação desta secretaria, que tem por objetivo fazer essa coordenação, promover uma melhor coordenação nesse momento.