O presidente Jair Bolsonaro defendeu projeto aprovado na quarta-feira (16) pela Câmara que altera a Lei de Improbidade Administrativa. Considerada por críticos um abrandamento do combate à corrupção, a medida estabelece a necessidade de comprovação da intenção de lesar a administração pública.
— O que visa o projeto é flexibilizar um pouco isso daí. Não é escancarar as portas para a corrupção — disse durante transmissão ao vivo pelas redes sociais junto do deputado federal Vitor Hugo (PSL-GO).
Segundo o presidente, a lei é utilizada por opositores de políticos do Executivo com o propósito de enfraquecer os governos:
— Tem prefeito que fica 20 anos respondendo a processo.
Um dos principais apoiadores do projeto é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo e condenado em duas ações de improbidade administrativa pela Justiça de Alagoas. Os casos são resultados de investigações da Operação Taturana, deflagrada em 2007 pela Polícia Federal, que apura desvios na Assembleia Legislativa do estado, onde Lira cumpriu mandato de 1999 a 2011. Um dos processos está na segunda instância há mais cinco anos.
— Quem votou contra por acaso é aquele pessoal de esquerda? — perguntou Bolsonaro, que admitiu não ter "tomado conhecimento do projeto", cujo relator é o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
— Uma parcela — respondeu Vitor Hugo.
Na visão de Bolsonaro, a proposta evitaria que gestores municipais bem intencionados sejam prejudicados pelo que chamou de "comportamento lamentável" de parte do Ministério Público:
— Mesmo na dúvida, os caras mandam o processo para frente e deixam o prefeito se virar.
Máscaras
Bolsonaro voltou a defender medidas que facilitam a transmissão do coronavírus entre as pessoas. Segundo o presidente, "negacionistas" são as pessoas que se opõem a desobrigar o uso de máscaras, uma vez que não acreditam na vacina.
No Brasil, pouco mais de 10% da população completou o calendário vacinal contra a covid-19. Segundo dados do consórcio de imprensa, que compila dados do coronavírus no país, foram 24,1 milhões de pessoas que receberam duas doses de vacinas, cerca de 11,4% do total.
— Igual a questão da vacina, eu estou dando o exemplo: depois que a última pessoa se vacinar, eu me vacino. Enquanto isso, continuo tranquilo na minha. Inclusive, encomendei estudo para o ministro da Saúde Queiroga para desobrigar usar máscara quem porventura tenha sido infectado ou vacinado — afirmou. — Quem está contra é negacionista porque não acredita na vacina v argumentou.
O termo, ao contrário do que usou Bolsonaro, é usado para se referir às pessoas que negam ou minimizam as sequelas e mortes causadas pelo coronavírus. A fala de apoio a medidas que podem facilitar a transmissão da covid-19 acontecem na semana em que o país se aproxima da marca de meio milhão de vítimas da doença. Até esta quinta-feira, 17, foram registradas 496 mil vítimas da doença, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).