O empresário Carlos Wizard começou seu depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (30) buscando justificar o fato de não ter comparecido para depor à comissão antes – fato que gerou um grande desgaste do empresário frente aos membros do colegiado. Segundo Wizard, ele estava nos Estados Unidos desde março deste ano, já que seu pai, de 87 anos, mora no país e está com a saúde debilitada.
– Jamais em tempo algum passou pelo meu pensamento, na minha mente, a indisposição de esta presente fazendo meu depoimento, não tenho razão para isso – disse Wizard.
Além do pai, Wizard afirmou que a filha, grávida, também mora nos Estados Unidos, e enfrenta uma gravidez de risco.
– Seu bebezinho nasce nos próximos dias, meu neto de numero 19. Se a sua filha estivesse prestes a dar à luz, o que você faria? – indagou o empresário à CPI.
Carlos Wizard, ainda no início de sua fala, negou que tenha participado ou tenha conhecimento do chamado "gabinete paralelo" de assessoramento ao presidente Jair Bolsonaro em assuntos da pandemia. Ele afirmou também que nunca fez "qualquer movimento" para a compra de medicamentos para enfrentamento à covid-19 ou financiamento de comunicação sobre o tema. Logo após as afirmações, Wizard comunicou aos senadores que, com amparo na decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficaria em silêncio durante o resto da oitiva.
– A minha disposição de servir o país, combater a pandemia e salvar vidas faz com que seja acusado de pertencer a um suposto gabinete paralelo. Afirmo que jamais tomei conhecimento de qualquer governo paralelo. Se porventura esse gabinete paralelo existiu, eu jamais tomei conhecimento ou tenho informação a respeito. Jamais foi convocado, abordado, para participar de qualquer gabinete paralelo, é mais a pura expressão da verdade – afirmou Wizard, que alegou ainda não ter tido qualquer encontro particular com o presidente Jair Bolsonaro.
Sobre o tratamento precoce, que não tem eficácia comprovada para tratar a covid-19, Wizard alegou que, no início da pandemia, havia uma "compreensão sobre o uso de alguns medicamentos", mas que com o passar do tempo e aprofundamentos dos estudos, hoje existem "posições contrárias" a esse método. Ele negou também que tenha participado de tratativas de aquisição da vacina Convidecia, do laboratório chinês CanSino.
– A imunização de rebanho é outro tema que escapa aos domínios do meu conhecimento. Esclareço por fim que não fiz qualquer movimento para compra de medicamentos para combate da covid-19 e nem tampouco financiei qualquer espécie de comunicação nesse sentido, inclusive a empresa Belcher em nota pública declara expressamente não ter qualquer vínculo de minha parte na tratativa da aquisição das vacinas Convidecia – afirmou o empresário.
Logo após essas afirmativas, Wizard comunicou aos senadores que ficará em silêncio.
– Por fim, feitos esclarecimentos, por orientação dos meus advogados e em conformidade doravante vou permanecer em silêncio – disse.
A líder da bancada do PSOL na Câmara, a deputada Talíria Petrone (RJ), criticou, no Twitter, a postura de Carlos Wizard em depoimento à CPI da Covid. "Quem não deve, não teme", avaliou Talíria.
Wizard chegou ao Senado carregando um cartaz com um versículo do Velho Testamento, Isaías 41:10. O versículo diz: "Não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa".