A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou nesta terça-feira (25), em depoimento à CPI da Covid, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello teve conhecimento do desabastecimento do oxigênio em Manaus no dia 8 de janeiro.
Segundo ela, ao saber do caso, Pazuello a teria questionado sobre o desabastecimento, o qual Mayra afirmou não ter sido comunicada durante sua visita a Manaus.
A informação, no entanto, diverge das prestadas pelo ex-ministro Pazuello, que em depoimento à CPI na última quarta-feira (19), Pazuello disse que foi informado sobre a falta de oxigênio em Manaus apenas na noite do dia 10 de janeiro.
— No dia 8 de janeiro, seis dias antes, nós já tínhamos iniciado o transporte aéreo de oxigênio para Manaus. Eu tomei conhecimento de riscos em Manaus no dia 10, à noite, numa reunião com o governador e o secretário de Saúde, quando eles me passaram as suas preocupações que estavam com problema logístico sério com a empresa White Martins — afirmou Pazuello à CPI.
Cloroquina e imunidade de rebanho
No depoimento, Mayra Pinheiro afirmou estar "pacificado" o consenso de que a cloroquina não deve ser adotada no uso hospitalar. Segundo a secretária, contudo, o medicamento deve ser usado no início da doença, ainda em sua fase de transmissão, apesar de estudos demonstrarem que o medicamento não tem eficácia contra a covid-19.
Mayra negou também que tenha feito a defesa da teoria da "imunidade de rebanho" através da contaminação da população.
— Eu nunca fiz defesa da imunidade de rebanho, quando eu me referi a ela, no vídeo que o senador Renan trouxe aqui, eu me referi às crianças — disse, afirmando que crianças deveriam permanecer indo a escolas por ter baixa transmissão da doença.
Mayra também afirmou manter a posição pelo uso de "todos os recursos possíveis" para tratar pacientes com covid-19 sobre declarações dadas por ela sobre o uso da hidroxicloroquina em crianças e adolescentes.
— A Anvisa só recomenda medicamento cujo tratamento está indicado em bula. Mantenho a orientação de que se pode usar todos os recursos possíveis para salvar vidas. Sociedades dão opiniões, não definem orientação do Ministério da Saúde — disse.
Na esteira de questionamento da senadora Eliane Gama (Cidadania-MA), a secretária negou ter se reunido com o presidente da república, Jair Bolsonaro, para tratar de questões relativas à sua pasta. Segundo ela, só se reunia com o presidente em eventos públicos do Palácio do Planalto quando era convidada pelo Ministério da Saúde, negando inclusive ter se sentado com Bolsonaro para realizar qualquer despacho.
— Os secretários não fazem despacho com o presidente da rRepública. O ministro faz —afirmou.