Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores durante a solenidade de entrega de 500 imóveis no bairro do Benedito Bentes, na periferia de Maceió, capital de Alagoas, nesta quinta-feira (13).
— Sempre tem alguém picareta, vagabundo querendo atrapalhar o trabalho daqueles que produzem. Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso país. É um crime o que vem acontecendo com esta CPI — afirmou Bolsonaro, ecoando o bate-boca de quarta-feira (12) entre seu filho Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) e o senador na sessão da CPI em que o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten prestava depoimento.
Mesmo sem citar o nome do relator, a acusação a Renan por parte do presidente foi explícita.
— O recado que eu tenho para este indivíduo, se quer fazer um show tentando me derrubar, não o fará. Somente Deus me tira daquela cadeira — disse.
Em meio às declarações de Bolsonaro, apoiadores do presidente gritavam "fora, Renan" e o chamavam de "vagabundo", reproduzindo as críticas do mandatário. O governador Renan Filho, filho do senador, não participou da cerimônia, nem deve acompanhar o restante da agenda de Bolsonaro no Estado.
Além do evento para a entrega do residencial, o presidente está na capital alagoana para inaugurar um complexo viário entre as BRs 104 e 316. À tarde, ele segue para São José da Tapera para inaugurar um trecho do Canal Sertão Alagoano.
Os ataques a Renan foram ouvidos logo na chegada do presidente, ainda no aeroporto, como mostra vídeo publicado por Bolsonaro em seu Twitter.
Obra já inaugurada
Procurado pela reportagem, o governador disse que foi avisado da visita presidencial, mas que não participaria da agenda porque não iria inaugurar duas vezes as mesmas obras.
— O governo estadual já tinha inaugurado as obras (desde o ano passado), não há sentido em fazer novamente a mesma coisa — disse Renan Filho, se referindo ao trecho do Canal do Sertão, em São José da Tapera, e do complexo viário no cruzamento das BRs 104 e 316, na capital alagoana.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi criticado durante a primeira agenda do presidente, na manhã desta quinta. Em seu discurso, o ministro do Turismo, Gilson Machado, afirmou que o nordestino gosta do governo, e não gosta do PT. Neste momento, os apoiadores do presidente Bolsonaro começaram a gritar "Lula ladrão". Já Bolsonaro, segundo o ministro, é "incorruptível".
Machado aproveitou o evento para entregar um cheque para o Banco do Nordeste no valor de R$ 500 milhões e outro para o Banco Desenvolve Alagoas no valor de R$ 20 milhões com o objetivo de incentivar o setor de turismo da região.