Possível integrante da CPI da pandemia, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) acha que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), acertou em ordenar o funcionamento da comissão. Para ele, que deve ser um dos indicados do MDB para a CPI, o governo cometerá um erro se tentar influenciar na composição da comissão para ter seu controle.
— Não tem como aparelhar a CPI. Já vimos isso antes também. Todos os que pensaram em aparelhar a CPI deram com os burros n'água. Vimos isso no Collor e em vários outros momentos. A opinião pública é mais forte. A imprensa, pelo seu papel, ilumina os porões das CPIs. Ela dá destaque às discussões. Isso não é palanque político. Isso é fazer a sua parte —disse ao Estadão.
O senador critica a resistência do presidente Jair Bolsonaro à abertura da investigação.
— Se o Bolsonaro tem consciência que não errou, que fez tudo certo, não precisa ter sobressalto. Nem agredir o Congresso, nem agredir o Supremo Tribunal Federal. Porque essas tolices não fazem bem à democracia — afirmou.
Renan lembra que durante sua passagem pela Presidência pelo Senado instalou várias CPIs por decisão do Supremo que os líderes partidários tentavam travar com a manobra de demorar na indicação dos integrantes da comissão.
— Os líderes se recusavam a indicar os nomes, por isso a comissão não se instalava e os partidos que a queriam, a minoria, recorriam ao Supremo. Porque a CPI é um instrumento sagrado da minoria — lembra.
Para Renan, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), errou ao não autorizar o funcionamento antes da decisão de Barroso.
— Você analisa os pré-requisitos constitucionais: fato determinado, número de assinaturas e prazo para investigação. Se ela atende esses pressupostos, o presidente não pode dizer que não vai instalar. Isso é uma cumplicidade envergonhada — criticou.
O senador também acha que não cabe a justificativa de Pacheco de que a CPI poderá se transformar em palanque político para as eleições de 2022.
— Esse argumento de que pode transformar em palanque politico e que não está na hora de fazer a CPI é totalmente impróprio — afirma.
— O Congresso, toda vez que fez investigação política e instalou CPI, se aproximou mais da sociedade. Se pegar historicamente as avaliações do Congresso, toda vez que teve CPI, ele se aproximou da sociedade fazendo a sua parte. Eleição tem um ambiente próprio. É apenas no próximo ano. Não tem nada a ver —rebateu.