O presidente Jair Bolsonaro está em Santa Catarina, onde cumpre agenda na manhã desta quarta-feira (7). O chefe do Executivo visita Chapecó, maior cidade do oeste do Estado. Bolsonaro é um dos defensores da gestão do município no combate à pandemia de coronavírus. Assim como o presidente, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, um defensor do chamado tratamento precoce contra a covid-19, mas que não tem eficácia comprovada.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a secretária de Estada da saúde de SC, Carmen Zanotto, e o senador Jorginho Mello (PL) também estão na comitiva, que foi recebida pela governadora em exercício catarinense, Daniela Reinehr, segundo o site NSC.
— A nossa liberdade vale mais do que a nossa própria vida — disse Bolsonaro no início do discurso que fez em um evento na cidade.
— Lamentamos as mortes, é como em um campo de batalhas. Mas se nada fizermos, seremos derrotados — completou.
Bolsonaro lembrou da quarentena a qual foram submetidos os brasileiros repatriados de Wuhan, na China, em janeiro de 2020, e medidas adotadas pelo governo a partir de março.
— Por que não pode ter um tratamento imediato (quando sentir os sintomas)? A questão do off label, fora da bula, é um direito do médico, tem que buscar uma alternativa. Quando não tem o remédio comprovado cientificamente precisa buscar uma alternativa — discursou.
Ressaltou que questionava o ministro da Saúde da época, Henrique Mandetta, sobre recomendações para buscar atendimento somente em caso de falta de ar. E perguntou se essa medida teria relação com a compra de respiradores.
— Quem abre mão de um milímetro de sua liberdade em troca de segurança está condenado a, no futuro, não ter segurança nem liberdade. (...) Eu fui acometido de covid. Procurei não me apavorar. Tomei um medicamento, todos sabem qual foi, e no dia seguinte estava bom. Muitos fizeram isso. Não podemos admitir impor limites a médicos. Se um médico não quer receitar, que não receite. Se um outro cidadão qualquer acha que aquele medicamente não está certo, que não use. (...) É um crime querer tolher a liberdade de um profissional de saúde. (...) Acredito na ciência, mas a ciência por vezes demora — disse.
Bolsonaro também afirmou, mais uma vez, que não haverá lockdown nacional:
— O nosso Exército brasileiro não vai para a rua para manter o povo dentro de casa. A liberdade não tem preço. Devemos fazer tudo o possível para buscar soluções. Temos agora um ministro da Saúde médico. Tivemos outro militar, que fez um excelente trabalho, reconhecido pelo doutor Queiroga, no Ministério da Saúde, foco de corrupção desenfreada.
O presidente disse que Chapecó deve ser olhada pelos demais gestores municipais do país. O município catarinense soma mais mortos pela covid-19 do que a média nacional e estadual. A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes da doença em Chapecó é de 240,6, enquanto no Brasil é de 160,3. Já em Santa Catarina, índice está em 161,2. Os dados são do Ministério da Saúde desta quarta-feira (7).
Também segundo os dados oficiais, o município soma 539 mortes causadas pela doença. Há cerca de dois meses, em 5 de fevereiro, o total de óbitos desde o início da pandemia era de 153 — ou seja, o número mais do que triplicou desde então.
Bolsonaro foi recepcionado no aeroporto por apoiadores sob os gritos de “mito”. Usando máscara, o presidente se aproximou do grupo, que não respeitava o distanciamento social.
Nos últimos dias, o prefeito de Chapecó vem destacando arrefecimento na crise sanitária no município. Em fevereiro, Chapecó também registrou alta dos casos da doença e das mortes provocadas pela covid-19, fato que foi determinante para aumentar as restrições para as atividades não essenciais.
Em entrevista à CBN, na terça-feira (6), Rodrigues esclareceu que a redução de casos de Covid-19 em Chapecó ocorreu por uma série de fatores, e que a questão do tratamento precoce não se limita apenas à indicação de medicamentos.