O apoio do PT ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara deve levar o partido a fechar uma aliança com Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato ao comando do Senado. O motivo alegado por integrantes da sigla é evitar que o MDB volte a ter o comando das duas casas do Legislativo, como ocorreu no governo de Dilma Rousseff, abreviado pelo impeachment.
— Já que o PT apoiou o MDB na Câmara dos Deputados, não faz muito sentido apoiar o mesmo partido no Senado. A tendência maior é trabalhar para o nome do Rodrigo Pacheco, mas não fechamos ainda formalmente — disse o senador Humberto Costa (PT-PE). O partido tem uma reunião agendada para a próxima segunda-feira (11).
Pacheco lidera a bancada do DEM e é candidato do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na noite de terça-feira (5), o PSD — a segunda maior bancada no Senado e majoritariamente próxima do governo do presidente Jair Bolsonaro — anunciou que apoiará Pacheco.
Na Câmara, o PT optou por apoiar Baleia para derrotar o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato do Palácio do Planalto. O partido tem 52 deputados federais e seis senadores.
No Senado, Pacheco também se aproximou de Bolsonaro, mas prometeu garantir espaços para a oposição. O líder do PT na Casa, senador Rogério Carvalho (SE), é próximo a Alcolumbre e chegou a sinalizar apoio para a reeleição do atual presidente do Senado, mas a possibilidade de recondução foi barrada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pacheco deve ter como principal adversário na disputa um nome do MDB, a maior bancada da Casa, com 13 senadores. O nome do partido para a disputa ainda não foi definido.
Antes da decisão que barrou a reeleição, Alcolumbre se aproximou de um acordo com a oposição. Além do PT, ele tinha apoio do líder do PDT no Senado, Weverton Rocha (MA), para tentar a recondução no cargo. Agora, Pacheco procurou senadores de oposição ao governo na Casa em busca do "espólio" de Alcolumbre e prometeu garantir espaço na Mesa Diretora e nas comissões. A oposição não deve lançar candidato no Senado.
Discussão
Além do PT, o bloco que reúne PDT, Rede, PSB e Cidadania, com nove senadores, também discutirá nos próximos dias que rumo tomará na sucessão.
— A decisão ainda passará pela direção do PDT e pelo bloco, mas eu defendo que tenhamos um conjunto de exigências, que a Mesa Diretora seja independente e tenha uma agenda que privilegie o Senado, e não fique a reboque do Executivo — afirmou o senador Cid Gomes (PDT-CE).
Dentro desses partidos, há quem apoie o candidato de Alcolumbre, mas também há dissidentes em prol de um apoio que derrote Pacheco, entre eles integrantes do "Muda, Senado", grupo composto por parlamentares de várias legendas. Adversário do atual presidente da Casa, o grupo avalia lançar um bloco independente para tentar derrotar o candidato indicado por ele.