A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e mais oito pessoas. O motivo são pagamentos feitos por empresas ligadas a Mário Peixoto, preso na Lava-Jato, e pela empresa da família de Gothardo Lopes Netto ao escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel.
O Ministério Público Federal (MPF) informou que as contratações "foram um artifício para permitir a transferência indireta de valores" e apontou que a acusação foi apresentada uma vez que os "fatos já suficientemente comprovados".
A denúncia atinge, além do governador e da esposa, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Lucas Tristão; o empresário Mário Peixoto; os supostos operadores Alessandro Duarte e Cassiano Luiz; o sócio de Peixoto, Juan Elias Neves de Paula; o ex-subsecretário João Marcos Borges Mattos; e o ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto.
Ao pedir o afastamento de Witzel e a deflagração da operação Tris in Idem, na manhã desta sexta-feira (28), o MPF argumentou que o escritório da primeira-dama "foi utilizado para escamotear o pagamento de vantagens indevidas ao governador, por meio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades da saúde ligadas a membros da organização criminosa (Gothardo Lopes Netto, Mário Peixoto e Pedro Fernandes) e recebimento de R$ 554.236,50, entre agosto de 2019 e maio de 2020".
Segundo os procuradores, o escritório de Helena Witzel, foi "contratado para operacionalizar a prática de corrupção e posterior lavagem de capitais, mediante a perene atuação de Lucas Tristão e Gothardo Lopes".
O MPF já havia apontado "vínculo bastante estreito e suspeito" entre Helena e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos Limitada, de Alessandro de Araújo Duarte, suposto operador de Mário Peixoto, nos autos da primeira fase da investigação sobre irregularidades na Saúde fluminense, a Placebo.
Na ocasião, a Procuradoria revelou contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios firmados entre o escritório de Helena Witzel e a empresa de Alessandro Duarte, incluindo comprovante de transferência de recursos. Documentos que apontariam pagamentos à esposa do governador do Rio foram encontrados pela Polícia Federal em mensagens datadas de 14 de abril no e-mail do empresário.
"Como relatado acima, no caso dos autos, o escritório de advocacia da Primeira-Dama do Estado do Rio de Janeiro H.A.B.W. (Helena Alves Brandão Witzel) supostamente realizou contratos com empresas investigadas, sem que a investigação, até o momento, encontra-se provas da prestação do respectivo serviço, o que explicita possível exercício profissional de atividade delitiva", escreveu o ministro Gonçalves, ao autorizar buscas da primeira fase da operação.
A primeira-dama voltou a ser alvo de buscas da operação Tris in Idem, deflagrada nesta manhã para investigar corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense.
Defesa
A defesa do governador Wilson Witzel divulgou nota dizendo que "recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade", e que "os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis".