O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (24), sobre a declaração do presidente Jair Bolsonaro que, no domingo (23), afirmou estar com vontade de "encher" a boca de um jornalista "na porrada". O chefe do Executivo fez a ameaça após ter sido questionado por um repórter do jornal O Globo sobre cheques do ex-assessor Fabrício Queiroz à primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
— Claro que, muitas vezes, a pergunta que vocês fazem a gente não gosta. É da natureza humana. Mas não cabe uma reação desproporcional como a do presidente. (...) Uma frase como essa, vinda do presidente, gera um impacto negativo internamente e externamente — afirmou o deputado.
Maia também foi questionado sobre os motivos que o levam a não aceitar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Conforme o deputado, "não é o momento de se ampliar a crise política" no Brasil.
— Não acho que é o momento de avaliar um processo de impeachment. Tem 120 mil mortos (por coronavírus). Eu prefiro focar a pauta da Câmara nestes assuntos. (Impeachment) Tem que ser pensado com calma e avaliar se há crime de responsabilidade — declarou.
Maia falou ainda sobre a decisão da Câmara, que, na semana passada, manteve o veto do presidente ao reajuste salarial dos servidores públicos até o final de 2021. Para o parlamentar, a manutenção foi "uma vitória da sociedade brasileira".
— A sociedade não pode pagar a conta dos conflitos e das brigas entre políticos e poderes — disse.
— O mais importante não é o valor, é o princípio. Eu não acho que o impacto (da derrubada do veto) chegasse ao valor de R$ 120 bilhões (...) Mas o problema é o princípio. Quando abre uma brecha, depois passa qualquer coisa — completou.
O parlamentar também foi perguntado sobre a prorrogação do pagamento do auxílio emergencial, criado em meio à pandemia da covid-19. Maia afirmou que manter o benefício em R$ 600 é "muito difícil".
— Por isso, eu quero que o governo encaminhe a proposta. Quem defende o teto (de gastos), não pode defender qualquer valor. Mas se a gente quer fazer o debate, temos que estar preparado para cortar despesas em qualquer lugar.