O Senado substituirá, a partir de agosto, as votações em plenário por um sistema drive-thru. Senadores vão aprovar ou rejeitar uma matéria sem nem mesmo precisar sair do carro. O método vai garantir o sigilo do voto.
Os equipamentos estão sendo instalados há duas semanas. Eles deverão ser testados pela primeira vez a partir da segunda semana de agosto, quando estão previstas votações.
Entre as votações secretas há a indicação de Nestor José Forster para embaixador do Brasil nos Estados Unidos e a de Hermano Telles Ribeiro para o Líbano. Ambos os cargos estão vagos desde junho do ano passado.
Em fevereiro, ainda antes de ter início a pandemia do coronavírus, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovara em sabatina tanto o nome de Forster quanto de Ribeiro.
Para que possam assumir as funções na diplomacia falta ainda a aprovação em plenário. A votação é secreta.
— Não tenho a menor dúvida de que precisamos votar (as indicações dos embaixadores) —disse o senador Nelson Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores.
— Todo e qualquer posto da diplomacia é importante, mas é claro que alguns demandam mais ações e questões comerciais que precisam ser equacionadas, como é o caso da Embaixada dos Estados Unidos — afirmou.
Além dos nomes dos embaixadores, outros 32 pedidos de modificações em cargos feitos pelo Itamaraty aguardam para serem votados, só que ainda na comissão. Os trabalhos no colegiado estão parados por causa da pandemia do coronavírus.
Embora ainda não haja previsão para a retomada das análises na comissão, Trad já pediu aos relatores que agilizem a entrega dos pareceres.
Para que as votações secretas do plenário possam acontecer, o Senado instalou sete terminais, a fim de que os parlamentares não precisem entrar no plenário, onde o espaço reduzido e o ambiente com ar-condicionado poderiam facilitar a proliferação do coronavírus.
Dentro do carro, os senadores com idade acima de 60 anos, que integram o grupo de risco, poderão votar em três terminais instalados na entrada da chapelaria do Congresso. A área será de uso exclusivo deles.
Os demais congressistas terão quatro totens disponíveis no prédio principal do Senado. Dois deles ficarão na barbearia, e outros dois, na frente do plenário -nestes casos, para votações fora do carro. A ideia é que não haja aglomerações.
As votações secretas, como a de escolha de embaixadores e votações de propostas de emenda à Constituição (PECs), serão criptografadas, e feitas por meio de biometria.
Aos 72 anos, o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), disse que a instalação do sistema de votação por drive-thru oferece mais segurança.
Desde que as sessões remotas foram implementadas, no começo de abril, o senador não esteve em Brasília. Agora, ele já planeja retomar as viagens para poder votar.
— Se for em um ambiente seguro, que não me exponha ao vírus, eu vou ao Senado. Já chegou a um período que é preciso votar, mas é preciso ter segurança. Dentro do plenário, é uma temeridade. Neste sistema novo, eu vou — disse.
De acordo com o Senado, os totens de votação foram instalados sem custo extra para a Casa, uma vez que já eram usados em comissões. A adaptação dos móveis foi feita pela equipe de marcenaria do Senado.