O governador Eduardo Leite avaliou, na tarde desta segunda-feira (8), os problemas de contagem e divulgação de números da covid-19, por parte do governo federal, classificando os últimos episódios como uma "irresponsabilidade". Conforme Leite, a postura indica que o governo Bolsonaro está tentando esconder o problema.
— Torço que essas posições sejam revistas no governo federal, no sentido que a gente possa enfrentar o problema e não jogá-lo para debaixo do tapete, o que é, além de tudo, uma irresponsabilidade quando a gente está falando de vidas humanas que precisam ser protegidas, o que é papel do poder público – disse Leite, durante entrevista coletiva, pela internet.
Questionado sobre o impacto para o Rio Grande do Sul, Leite indicou que os problemas do governo federal com os dados prejudicam a comparação entre as situações dos Estados.
— Quando fazemos o nosso relatório (estadual), comparar com outros locais é importante. Prejudica a comparação – disse o governador.
Na semana passada, o governo federal passou a atrasar a atualização diária de números da pandemia, passando a divulgar o material por volta das 22h, ao invés de 19h. Na última sexta-feira (5), ao tratar do tema, o presidente Jair Bolsonaro afirmou:
— Acabou matéria no Jornal Nacional.
Ainda na sexta (5), o Ministério da Saúde tirou do ar o site oficial que trazia os dados de casos confirmados e registros de mortes por coronavírus no país. No sábado (6), o portal voltou ao ar, mas parte dos dados seguiu indisponível.
No domingo (7), o governo divulgou números contraditórios sobre a doença. No final da noite, divulgou que o país tinha 36.455 mortes em decorrência da infecção, dos quais 525 seriam óbitos ocorridos nas últimas 24 horas. Pouco antes, o Ministério da Saúde havia divulgado que o total de novas mortes era de 1.382 (uma diferença de 857 mortes em comparação com o segundo dado divulgado).
Os problemas de contagem e divulgação dos números, além da fala do presidente, motivaram uma série de críticas de entidades da sociedade civil, instituições e autoridades, nos últimos dias.