O presidente Jair Bolsonaro estaria decidido a recriar o Ministério da Segurança Pública, separado da pasta da Justiça. Segundo interlocutores, o presidente aguarda apenas o melhor momento para colocar o plano em prática, uma vez que ainda há resistências internas sobre aumentar o número de ministérios.
Integrantes da bancada da bala na Câmara dos Deputados, que fazem lobby para ter um ministério dedicado de forma exclusiva ao tema, têm reunião marcada no Palácio do Planalto nesta semana para tratar do assunto.
A ideia de dividir a pasta ganhou força com a exoneração do ex-ministro Sergio Moro, que exigiu a unificação da Justiça e da Segurança Pública em um superministério antes de assumir o cargo. Com a mudança, a estrutura hoje comandada por André Mendonça ficaria esvaziada, sem seus órgãos mais importantes, como a Polícia Federal, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Um dos principais cotados para assumir o novo Ministério da Segurança Pública, o ex-deputado Alberto Fraga (DEM) esteve na terça-feira passada no Palácio do Planalto. Na ocasião, defendeu a divisão das pastas.
— Se você pegar a estrutura da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) e criar o ministério, não há acréscimo nenhum de despesa, a não ser o salário do ministro. Só isso — defendeu Fraga na ocasião.
No início de maio, após a demissão de Moro, Bolsonaro admitiu que Fraga teria chance de ser nomeado ministro.
— É meu amigo desde 1982 — justificou.
Uma tentativa de dividir os ministérios em janeiro deste ano quase precipitou a saída de Moro do cargo. Na ocasião, Bolsonaro chegou a anunciar que estudava a separação em reunião no Palácio do Planalto com secretários estaduais de segurança. Diante da repercussão negativa e a sinalização de que estava esvaziando seu então "superministro", recuou.