É provável que ainda não seja desta vez que Maurício Valeixo deixe o comando da PF, embora o próprio presidente Jair Bolsonaro tenha cogitado substituí-lo duas vezes, ainda no ano passado. Acontece que Valeixo, ex-coordenador da Lava-Jato no Estado onde ela nasceu (o Paraná), é parceiro de investigações de Sergio Moro e estimado pelos agentes e delegados federais em todo o país.
Especulam-se motivos diversos para a troca, desde investigações que teriam atingido o senador Flávio Bolsonaro (filho do presidente) até a abertura do inquérito sobre desvios em recursos para combater a Covid-19. Falcatruas que atingiriam o atual governo, de forma colateral (no caso da família Bolsonaro) ou em cheio, se comprovados desvios vinculados ao Ministério da Saúde.
Caso se confirme a demissão de Valeixo, três nomes são cotados para o cargo dele. Um é Anderson Torres, atual secretário da Segurança Pública do Distrito Federal. Ele é delegado da PF, especializado em Inteligência Estratégica e assessorou o deputado federal paranaense Fernando Francischini (PSDB), com muito prestígio entre os fãs da Lava-Jato.
Outro cotado é o também delegado federal Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele atuou no Rio e, mais importante que isso (do ponto de vista político), coordenou a segurança do então candidato Jair Bolsonaro à presidência da República, em 2018. Ele só ingressou nessa função após o atentado sofrido pelo presidenciável.
Ramagem rompeu uma tradição de indicarem militares para o comando da Abin. Ele tem confiança do general da reserva Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e um dos padrinhos da candidatura de Bolsonaro à Presidência.
Uma solução intermediária, caso Moro permaneça no cargo, poderia ser um terceiro nome: o diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Fabiano Bordignon. Que é amigo do atual ministro. Com isso seria solucionado o impasse. Por ora.