Representante assídua do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e apadrinhada de casamento do ministro Sergio Moro, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) reafirma seu compromisso com o presidente da República, apesar do pedido de demissão de Moro nesta sexta (24).
– Por mais que o Moro seja meu padrinho de casamento e eu esteja triste com a sua saída, eu, como deputada da base, devo apoiar o Bolsonaro – disse à reportagem.
Em fevereiro deste ano, o então ministro da Justiça e sua esposa, Rosangela Moro, participaram do casamento de Carla Zambelli como padrinhos. Na ocasião, Moro dançou valsa e discursou para os presentes.
– A gente vai ter, obviamente, um abalo na comunicação e no governo como um todo. Querendo ou não, é a saída de um ministro importante. Até (tenhamos), talvez, uma crise um pouco mais acentuada do que a gente teve com o Mandetta — segue Zambelli, que vê a saída de Moro do Ministério da Justiça como inesperada.
O ex-ministro Sergio Moro anunciou sua demissão do governo federal nesta sexta-feira. Moro apontou suposta fraude no Diário Oficial da União no ato de demissão de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal e criticou a insistência do presidente para a troca do comando do órgão, sem apresentar causas que fossem aceitáveis. Moro afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência da PF.
Carla Zambelli afirma que o abalo gerado pelo confronto entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro poderia ter sido contornado se houvesse uma comunicação mais eficiente. Segundo ela, o nome de Alexandre Ramagem, um dos cotados para substituir Valeixo no comando da PF, tem a aprovação de Moro.
— Na (entrevista) coletiva, o próprio ministro elogiou o Ramagem — diz.
A deputada defende Bolsonaro das acusações de interferência na Polícia Federal e diz que os únicos fatos que o presidente pretendeu tomar conhecimento são em torno da investigação da facada que recebeu em 2018, durante a campanha eleitoral. E diz que a oposição quer "usar qualquer motivo para pedir impeachment".
— Como vítima, não como presidente da República, o presidente chegou a falar publicamente que ele gostaria de saber quem tinha mandado matá-lo. Acredito que o Sergio Moro esteja falando mais sobre esse caso do que qualquer outra — afirma Zambelli.