O presidente Jair Bolsonaro criticou indiretamente nesta quinta-feira (20) o senador Cid Gomes (PDT), baleado ao investir com uma retroescavadeira contra um quartel tomado por policiais militares amotinados no Ceará, e disse não ter habilitação para dirigir o veículo.
As declarações foram feitas durante transmissão ao vivo pela internet em uma rede social. Bolsonaro citou o episódio envolvendo o irmão do ex-candidato Ciro Gomes (PDT) em duas ocasiões durante a live, que contou com a participação do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni,e do secretário da Pesca, Jorge Seif Jr.
Na primeira menção, criticou reportagem que diz que um vereador bolsonarista liderou o motim no quartel no Ceará. Alfinetando a imprensa, Bolsonaro disse:
— Olha só, hein, o motim lá se deve a um vereador bolsonarista. Eu queria só que vocês me apresentassem ele, me apresente o vereador aí.
Em seguida, perguntou a Onyx o que se ele achava que "aquele cara lá, não fala o nome dele não, que subiu no trator e foi empurrar o portão lá com crianças, com mulheres, ele agiu corretamente ou não, não fala o nome dele não?".
— Evidente que não, né presidente. Aí é uma irresponsabilidade, um desequilíbrio, um ato que colocou em risco a vida de muitas e muitas pessoas. E é evidente que quando tu tem tua vida em risco, tu tem o direito à legítima defesa — respondeu o ministro.
Cid Gomes, que tem 56 anos e está licenciado do Senado desde dezembro para atuar nas eleições municipais no Ceará, dirigia a retroescavadeira e tentou investir contra o portão do batalhão tomado por PMs. O trator foi alvejado e teve os vidros estilhaçados.
Cerca de cinco minutos depois, Bolsonaro chamou para o vídeo o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ) e comentou que deve passar o Carnaval no Guarujá (SP). Em seguida, afirmou que, por segurança, precisa ficar em lugares reservados. Ainda assim, continuou, disse que sempre procurar "dar uma fugidinha".
— Na penúltima vez eu dei uma fugida de moto lá pela cidade. A imprensa foi logo atrás para saber se eu tinha habilitação ou não — ironizou. — Olha, eu não tenho habilitação para dirigir retroescavadeira, isso eu posso garantir para vocês. Mas motocicleta, eu tenho — completou.
Bolsonaro também falou sobre o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reforçar a segurança no Ceará. A medida, que autoriza o envio de membros das Forças Armadas ao Estado, vai vigorar até 28 de fevereiro e atende a um pedido do governador Camilo Santana (PT).
— O pessoal que está cometendo delitos, crimes nessas regiões, onde, por um motivo qualquer, por um motivo justo, estão indo as Forças Armadas para lá. Tem que entender que o pessoal verde está chegando, e o bicho vai pegar. Porque, se é para tratar com flor essa galera, não fiquem enchendo nosso saco e vão pedir para outras instituições para cumprir esta missão — afirmou Bolsonaro.
O presidente aproveitou para defender um projeto de lei que enviou ao Congresso em novembro do ano passado para isentar de punição militares e policiais envolvidos em operações de GLO.
Ele afirmou que, após o Carnaval, vai procurar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para pedir que pautem o projeto.
— Em GLO, os militares têm que ter excludente de ilicitude. Ou seja, acabou a missão, eles vão para casa. Não está preocupado em receber a visita de um oficial de Justiça e depois responder, se for militar, se for uma auditoria militar, pegar até 30 anos de cadeia — criticou.
— É uma irresponsabilidade. Até 30 anos de cadeia nesse garoto que tem uma namorada, que tem um time de futebol, que tem uma vida social, que é um inocente. E que por estar com um fuzil, é atacado muitas vezes e reage. Vai que morre inocente, porque pode morrer inocente. De quem é a responsabilidade?
Bolsonaro criticou ainda os defensores de direitos humanos, a quem chamou de otários que "ficam soltando pombinha na lagoa Rodrigo de Freitas, botando cruzinha na praia de Copacabana, abraçando um monumento qualquer, achando que, dessa maneira, o vagabundo vai se preocupar".
— Ele só pode é morrer de rir desses otários aí — disse.