Políticos, conselheiros do Inter, jornalistas, familiares e amigos compareceram à Assembleia Legislativa do Estado na manhã deste sábado (25) para se despedir de Ibsen Pinheiro, 84 anos, que morreu na noite desta sexta-feira (24).
Ibsen foi internado na sexta-feira no hospital Dom Vicente Scherer, na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, ao se sentir mal. Na quarta-feira (22), ele havia feito duas transfusões de sangue – Ibsen descobriu havia um mês um mieloma múltiplo, espécie de câncer na medula óssea.
— Por volta das 20h, ele se sentiu mal e chamamos os médicos. Ele teve três paradas cardíacas seguidas e acabou não resistindo — explicou a companheira, a jornalista Jussara Oliveira da Silva, 69 anos — Iríamos fazer uma cerimônia de casamento em março, conforme ele havia manifestado vontade na primeira internação para combater a doença, em dezembro. Infelizmente, não deu tempo.
O falecimento comoveu políticos que trabalharam com Ibsen, que foi presidente da Câmara dos Deputados no episódio do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.
— Ele era um homem querido e respeitado inclusive por quem pensava diferente dele. Deixou marcas incríveis na vida pública — disse o ex-governador Germano Rigotto.
O vereador de Porto Alegre Cassiá Carpes, que foi treinador do Inter quando Ibsen era dirigente, em 1998, contou que os dois iniciaram uma forte amizade à época, que mantiveram até os últimos dias.
—Essa amizade, até improvável entre treinador e dirigente, marcou muito a minha vida e mostra como o Ibsen foi uma pessoa especial — afirmou Cassiá.
Além de Jussara, Ibsen deixa dois filhos, Marcio, que completou 53 anos neste sábado, e Tomás, 29, além de uma neta. O velório ocorre até as 16h. O corpo será cremado às 17h, em cerimônia restrita a família e amigos.
Início da carreira
Ibsen começou a sua carreira como jornalista, trabalhando na prefeitura de Porto Alegre entre os anos de 1959 e 1960. Durante a década de 1960, trabalhou na Rádio Gaúcha e no jornal Zero Hora, escrevendo principalmente artigos sobre esporte.
Em 1969, chegou pela primeira vez à vice-presidência do Internacional, em um grupo chamado "Os Mandarins", que ficou na história do clube por liderar uma era de conquistas que culminou com os títulos do Campeonato Brasileiro em 1975, 1976 e 1979.
Ibsen retornou aos microfones da Rádio Gaúcha em 1971. Na década de 1970, foi membro também do programa Sala de Redação, então apresentado por Cândido Norberto.
Ingresso na política
Ibsen foi eleito pela primeira vez em 1976, assumindo o cargo de vereador de Porto Alegre pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Conhecido por sua verve e sua qualidade no discurso, ele logo começou a despontar, elegendo-se deputado estadual em 1978 e deputado federal em 1983. Reelegeu-se em 1986, participando da construção da Constituição de 1988.
Atuação parlamentar
No início da década de 1990, Ibsen Pinheiro foi um dos nomes mais importantes da política nacional. Presidiu a Câmara dos Deputados entre 1991 e 1993, liderando a casa legislativa durante o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.
Afastamento
Em maio de 1994, diante do escândalo dos anões do Orçamento, Ibsen teve o seu mandato cassado por 296 votos favoráveis, 139 contra e 24 abstenções, em um processo controverso. A ação criminal, entretanto, foi arquivada por falta de provas em 1995.
Volta à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa
Ibsen se elegeu deputado federal em 2006. No ano de 2009, foi relator do texto que previa uma reforma política. O texto, entretanto, não foi adiante. Em 2010, relatou o projeto que previu a redistribuição dos royalties do pré-sal.
Ele também assumiu como deputado estadual em 2014, cumprindo seu mandato na Assembleia Legislativa até 2018. No ano de 2016, voltou ao Internacional como vice-presidente de futebol.