Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta feira (4), em Porto Alegre, um grupo de entidades que representa a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros adiantou o tom da manifestação prevista para quinta-feira (5).
Para fazer frente contra as alterações nos planos de carreira e de previdência propostas pelo governo Eduardo Leite, manifestantes irão se reunir na Praça Brigadeiro Sampaio, no centro da Capital, ao meio-dia. Dali, sairão em caminhada até a Assembleia Legislativa. No Teatro Dante Barone, a categoria fará um encontro com deputados, que será transmitido em um telão instalado na Praça da Matriz.
Depois, uma assembleia geral irá discutir os rumos da categoria. Um possível aquartelamento deve ser colocado em votação, afirmam.
Os entidades estimam a participação de 10 mil servidores no ato, incluindo caravanas vindas do Interior. Servidores da Polícia Civil também têm mobilizações marcadas para terça-feira (10), e que inspetores e escrivães já aprovaram indicativo de greve.
No pacote proposto pelo governador Eduardo Leite, um dos pontos mais sensíveis para a categoria é o que prevê o aumento da alíquota da previdência idêntica aos policiais civis. Para o grupo, a medida é inconstitucional, porque seriam regidos pelas normas da Constituição Federal, de 7,5% que deverá subir gradualmente para 10,5%, segundo reforma que tramita no Senado.
O grupo pede que o projeto seja retirado.
— Esse projeto que está tramitando no Senado nos dá tratamento completamente diferente (do policial civil), e o governo insiste em nos tratar da mesma forma. É inconstitucional. O nosso pedido é que o projeto seja retirado e que essa questão passe a ser discutida separadamente — defende o diretor-presidente estadual da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), José Clemente da Silva Corrêa.
— Eduardo Leite está dizendo que não irá cumprir a Constituição. Então, pedimos para que os deputados não votem. Não estamos pedindo nenhum direito a mais, aumento de salário, nada. Apenas para que sejam mantidos os direitos que já conquistamos — afirma o coordenador-geral da Associação de Bombeiros do Estado (Abergs), Ubirajara Pereira Ramos.
Conforme o presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), Aparício Santellano, o grupo foi criado para defender os direitos da categoria, “do soldado ao coronel”.
— O governo vende uma ideia sob o seu próprio ponto de vista. E ele diz não ter dúvidas de que está certo. Mas não temos que pagar a conta porque o Estado está quebrado.
Outra preocupação do grupo é que, com as medidas, mais militares optem por deixar o efetivo e pedir transferência para a reserva, aumentando ainda mais a defasagem de servidores na área.
Quem também se mobiliza junto ao militares é a Associação das Esposas dos Policiais Militares e Policiais Femininas do Estado (AESPPOM). Para Claudete Valau, presidente da entidade, o grupo entrará na briga para garantir direitos dos servidores.
— Se o governo diz que vai ao extremo para aprovar essas medidas, nós também iremos. Já fizemos antes e faremos novamente, vamos fechar quartel de novo, vamos nos manifestar. Não temos medo, estamos defendo nossa família — diz.
Reunindo seis entidades, o Fórum dos Militares do Estado é composto por Abergs, Associação dos Oficiais Subalternos da BM do RS (Aofergs), ASSTBM, Abamf, ASOFBM e AESPPOM.