A concentração em frente à Praça da Matriz, nesta terça-feira (26), lembrou as greves dos anos 1980, quando a briga era pelo piso de dois salários mínimos e meio. Vindos de todas as regiões do Estado, ônibus lotados de professores ativos e inativos desembocaram no centro de Porto Alegre para um dos maiores protestos dos últimos anos.
A hipótese de suspender a greve depois da ameaça do governador Eduardo Leite de cortar o ponto sequer foi posta em discussão, mas não há hipótese de o governo retirar os projetos, condição imposta pelos professores para votar ao trabalho.
O que o Piratini admite é negociar aperfeiçoamento das propostas, mas o Cpers decidiu partir para o tudo ou nada. Em vez de apresentar sugestões para melhorar os projetos, cortou o diálogo e apostou na pressão sobre os deputados.
Nesta terça, a presidente do Cpers, Helenir Schürer, e outros dirigentes do sindicato pretendiam entregar ao chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, ofício pedindo retirada dos projetos. No momento em que Otomar foi até a porta recebê-los, as câmeras de segurança mostram que um grupo rompeu as grades de proteção e tentou invadir o Piratini. A polícia reagiu e, na confusão, 11 professores e dois brigadianos resultaram feridos.
Apesar de o Cpers não querer negociar, o governo estuda mudanças nos projetos para atender às demandas de deputados, na perspectiva de que é melhor ceder em parte do que perder tudo e inviabilizar o Estado.
Uma das mudanças admitidas pelo líder do governo, Frederico Antunes, diz respeito à garantia de que no novo plano de carreira não haverá o acavalamento de níveis com a criação de completivo quando o piso nacional aumentar
A bancada do PSB, partido aliado do governo, cobra aumento do valor do subsídio dos professores em toda a grade, para que ao final da carreira se chegue, no mínimo, ao teto do INSS, hoje de R$ 5,8 mil.
Selfie com o Choque
Depois da tentativa de invasão do Palácio Piratini e do princípio de confronto com os policiais responsáveis pela segurança, professores que participaram da manifestação foram para a frente do Batalhão de Choque da Brigada Militar para fazer selfies.
Além de uma recordação do protesto, as fotos serviram para ilustrar posts com a ideia de que os brigadianos também serão afetados pelas medidas e, por isso, não deveriam fazer a repressão.
Brigadianos usam luto como pressão
Abalados com a morte trágica da soldado Marciele Renata dos Santos Alves, policiais militares passaram a usar a tragédia como instrumento da pressão contra o pacote do governador Eduardo Leite nas redes sociais.
Colegas de farda reclamaram de o governador ter ido a Brasília conversar com relator do projeto que trata da previdência das Forças Armadas, pedir que não seja aprovada a emenda que equipara os policiais militares aos integrantes de Exército, Marinha e Aeronáutica. Isso significará, se aprovado, uma redução da contribuição previdenciária de 14% para 7,5%, chegando a no máximo 10,5% em 2021.
Diferentemente dos civis, os PMs manterão na aposentadoria a integralidade e a paridade salarial com os ativos.