Um levantamento realizado pela Lava-Jato mostrou que Sergio Moro fugiu do padrão adotado pela força-tarefa ao levantar o sigilo das investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2016. Divulgada neste domingo (24) pela Folha de S.Paulo, a pesquisa contraria o argumento usado à época pelo ex-juiz de que apenas seguiu o procedimento adotado pela operação.
Na ocasião, Moro determinou a retirada do sigilo do processo envolvendo o ex-presidente, o que tornaram públicas dezenas de conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF). Entre elas, está o diálogo em que Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff falam sobre a sua posse como ministro da Casa Civil. O ex-juiz disse que tomou a decisão para dar publicidade aos processos e divulgar informações de interesse para a sociedade.
Esse levantamento da Lava-Jato consta nas mensagens trocadas pelos procuradores da força-tarefa, obtidas pelo The Intercept Brasil em junho deste ano. Os integrantes pesquisaram oito investigações que também envolviam escutas telefônicas em busca de elementos para defender Moro, que era alvo de críticas. Segundo a análise, Moro só anexou os áudios de grampos ao processo e divulgou sem nenhum grau de sigilo no caso de Lula.
À Folha de S.Paulo, Moro e procuradores disseram discordar das conclusões do levantamento. Eles afirmaram que a regra era tornar público tudo que fosse de interesse público e que o caso de Lula foi tratado da mesma maneira. O levantamento do sigilo das investigações é um dos itens do habeas corpus apresentado pela defensa de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a imparcialidade do ex-juiz.