Mesmo antes da reunião prevista com o governador Eduardo Leite, as entidades que representam os policiais militares reagiram negativamente à intenção do Executivo de mudar regras do valor adicional ao salário por risco de vida. O item compõe o pacote de reformas do Executivo que será enviado nas próximas semanas à Assembleia Legislativa.
A proposta do governo prevê que o adicional de 222% nos salários pelo motivo de risco de vida não seja mais calculado sobre o total do salário — incluindo benefícios e vantagens — mas, sim, sobre o soldo básico do militar. Com isso, o adicional seria aplicado a uma base de cálculo menor, gerando folhas de pagamento mais baixas para os futuros servidores que avancem na corporação.
Atualmente, o policial militar tem um acréscimo salarial de 5% a cada três anos de serviço, o chamado triênio. Além disso, ao completar 15 anos de serviço, tem acréscimo de 15% e, ao completar 25 anos, mais 10%.
O presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da BM, Aparício Santellano disse que vai ouvir atentamente ao governador antes de se manifestar. Mas adiantou que os direitos não serão negociados.
— Redução de salários, direitos e vantagens conquistados ao longo dos anos não tem negociação — afirmou.
O presidente da Associação dos Oficiais da BM, coronel Marcos Paulo Beck, considera a proposta de Leite inegociável.
— Direitos, que o pessoal chama de direito, não é direito. O trabalho é uma necessidade. O governador já não paga salário. Estamos em outubro e não recebi agosto — reagiu o oficial da reserva.
O coronel ainda reclamou que os cortes sempre atingem os servidores e disse que o Estado não dever dar lucro, mas, sim, atender a população.
— O Estado não dá lucro. O lucro que educação dá é prover as futuras gerações de mentes brilhantes. A saúde, exatamente, uma população precisar de rigidez física, e essas necessidades o Estado precisa prover. Segurança pública é a razão básica de tudo, segurança pública é a polícia quem prove. É caro? Claro. O governador acha que o servidor vai trabalhar de graça? — questionou Beck.
Seguindo a série de reuniões iniciadas nesta quarta-feira (9), os sindicatos da Brigada Militar serão recebidos às 10h30min de quinta-feira (10), no Centro Administrativo. À tarde, sindicatos que representam policiais civis e agentes penitenciários também serão atendidos pelo governador.