Em dois dias, governador Eduardo Leite participou de cinco reuniões com entidades que representam servidores públicos do Estado para apresentar as propostas de mudanças nas carreiras. Todos os representantes, sem exceção, saíram insatisfeito e preocupados com o que foi mostrado pelo governo.
A última rodada de encontros terminou por volta das 20h desta quinta-feira (10). Foi com o sindicato ligado à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Os agentes deixaram a sala de um amplo auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre, descontentes.
Leite fez um balanço da rodada de apresentações. Além dos servidores da segurança (Brigada Militar, Polícia Civil e Susepe), o governador se reuniu com o Cpers-Sindicato e com a Federação Sindical dos Servidores Públicos (Fessergs) na quarta (9). Mesmo sem dar detalhes do que poderia ser alterado nas propostas, disse que há margem para negociação.
— Nós não convidamos os servidores para um monólogo, convidados para um diálogo. E, portanto, falamos e ouvimos. E queremos ouvir mais — destacou Leite, ao lembrar que os textos das propostas serão enviados às categorias na segunda-feira (14).
— Eu não tenho expectativa de um consenso. Mas tenho expectativa de que possamos entender quais os pontos que mais causam ansiedade, o que a gente pode fazer para mitigar alguns efeitos que os servidores entendam como negativos e construir uma proposta que seja mais razoável — ponderou.
O objetivo do Piratini é enviar os projetos à Assembleia Legislativa ainda neste mês. A expectativa do governo é de que as medidas sejam aprovadas até o fim do ano. O governador disse que "é preciso construir uma saída para fazer as contas se equilibrarem".
— Eu preciso fazer com que as despesas não cresçam mais do que as nossas receitas. E tenho que fazer as nossas receitas crescerem o suficiente para alcançar essas despesas e até para ultrapassá-las — ressaltou.
Leite defendeu que os servidores "deem uma contribuição nesse processo da reforma da Previdência e nas estruturas de carreira para o benefício deles mesmos e de toda a sociedade gaúcha como cidadãos".
O governador voltou a dizer que essas mudanças fazem parte de outras alterações, que visam permitir que o Estado não apenas pague contas, mas também possa investir em segurança, educação, infraestrutura e saúde, por exemplo.
Para o presidente da Ugeirm Sindicato, Isaac Ortiz, o temor é que os cortes anunciados reflitam na população.
— Quando começam a acontecer esses cortes na segurança pública, o reflexo vem na na insegurança pública na rua — disse Ortiz, rodeado de colegas que também participaram da reunião e saíram insatisfeitos.
A reação do presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil (Asdep), delegado Wilson Muller, não foi diferente:
— Reforma administrativa, em síntese, sempre vem em prejuízo ao funcionário — opinou Müller.
Na segunda-feira (14), às 8h30min, está marcada reunião com os chefes dos demais poderes (Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça) e também do Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e Defensoria Pública.