Líderes da oposição no Congresso querem que o porteiro do condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa, no Rio de Janeiro, seja incluído em um programa de proteção a testemunha. A ideia é evitar que ele seja coagido. A oposição defende ainda que a investigação sobre a execução da vereadora Marielle Franco, mesmo após a citação a Bolsonaro, continue com a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O presidente afirmou nesta quarta-feira (30) ter acionado o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para que a Polícia Federal (PF) investigue o depoimento do porteiro.
Segundo reportagem da TV Globo, no dia em que a vereadora foi assassinada, um dos acusados de cometer o crime, o ex-policial militar Élcio Queiroz, esteve no condomínio no Rio de Janeiro onde o presidente tem residência.
O suspeito teria dito que ia à casa de número 58, que pertence a Bolsonaro. À época, ele era deputado federal e, no mesmo dia, estava em Brasília. Em depoimento aos investigadores, o porteiro teria contado que o suspeito pediu para ir à casa de Bolsonaro e um homem atendeu o interfone, autorizando a entrada de Élcio.
O presidente negou envolvimento na morte de Marielle e atacou a TV Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem acusou de vazar o depoimento.
— A PF e o Moro não têm que escutar o porteiro. Ele é uma testemunha que precisa neste momento ser protegida; não precisa ser coagida. Não cabe juridicamente o processo ficar na PF ou no Moro. Não tem que federalizar (a investigação) — afirmou a líder da minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PC do B-RJ).
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informou que solicitará medidas pela segurança do porteiro.
"O caso Marielle precisa ser elucidado de forma minuciosa garantindo, inclusive, a proteção das testemunhas", escreveu o senador em rede social.
A oposição cobra a apuração de quem autorizou a entrada de Élcio no condomínio.
Para Feghali, é clara a relação entre as famílias de Bolsonaro, Élcio e de Ronie Lessa, outro acusado de ser um dos autores do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
A filha de Lessa teria namorado um dos filhos de Bolsonaro. Além disso, Élcio e Bolsonaro já tiraram uma foto juntos.
— A acusação (diante do depoimento do porteiro) é grave, porque envolve a casa do presidente. Isso tem que ser investigado. Ninguém pode fazer uma acusação indireta sobre ninguém, mas precisamos entender o que aconteceu — disse a deputada.
Uma ampla reunião entre partidos da oposição está prevista para esta quarta, quando deve ser discutida a atuação do grupo após a revelação da citação ao nome de Bolsonaro na investigação.