O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (12) que não está preocupado com as críticas que vem recebendo desde a noite de quinta-feira (11), quando admitiu que cogita indicar um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Em uma live ao lado do apóstolo Valdemiro Santiago — fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus — e do deputado federal Missionário José Olimpio (DEM-SP) — ligado à mesma igreja — Bolsonaro rebateu as acusações de que a possível indicação se trata de nepotismo e defendeu o currículo do filho.
Citou, entre o que considera atributos de Eduardo, que ele fala inglês fluentemente, que já visitou a Europa e que acabou de casar.
— Não estou preocupado com crítica — disse o presidente, afirmando que parte da imprensa "está dando uma lenhadinha na gente".
— Quando ele viaja para o mundo todo, fala inglês fluentemente, fala espanhol, já foi a vários países da Europa, conhece a família do Donald Trump, tem liberdade e amizade com seus filhos, não é um aventureiro. Acabou de casar, inclusive — disse Bolsonaro.
O presidente da República afirmou que irá esperar "o momento certo" para decidir se, de fato, indicará o filho. O presidente afirmou ainda que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, apoia a possibilidade.
— Não porque é meu filho. É porque conhece o Eduardo — disse o chefe do Executivo.
Bolsonaro comparou o tratamento que um governo daria a um embaixador de carreira e ao filho de um presidente:
— O tratamento é diferenciado.
O presidente também alfinetou durante a transmissão na internet os ex-chanceleres Celso Amorim (governo Luiz Inácio Lula da Silva) e Aloysio Nunes Ferreira (governo Michel Temer).
— Agora, vocês querem que eu bote quem? Celso Amorim nos Estados Unidos, que é do Itamaraty? — indagou aos internautas.
— Quem foi o último ministro de Relações Exteriores do Brasil? Aloysio Nunes Ferreira. Ninguém falou nada. Foi, aqui, chefe das Relações Exteriores. Mas não tinha formação nenhuma nesta área. Inclusive, no passado, quando jovem, ele foi motorista do (Carlos) Marighella — afirmou.
Caso Bolsonaro confirme a indicação de Eduardo, o nome do hoje deputado federal terá que passar pelo Senado. Há uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE) e, se aprovado, segue para votação em plenário.
Na manhã desta sexta, senadores foram à tribuna para criticar a possibilidade.
— Está faltando bom senso. Repudio, sou contra filho de presidente da República, qualquer que seja o presidente, ser embaixador do Brasil onde quer que seja — disse o senador Eduardo Girão (PODE-CE).
— Votei (em Bolsonaro) para se romper esse sistema político carcomido, apodrecido, corrupto que vinha no Brasil nos últimos anos. Votei com essa esperança e ainda acredito neste governo. Espero que isso não aconteça porque é um grande equívoco. Temos que dar passos nesse processo civilizatório de nepotismo no Executivo, uma coisa que pode até ser legal, mas é imoral — prosseguiu.
— Também discordo plenamente disso. A gente não pode concordar absolutamente com isso. Venha de onde vier. "Ah, porque veio do presidente..." Não. É errado, é imoral, é antiético da mesma forma — concordou o senador Plínio Valério (PSDB-AM).